Saúde

Pacientes arriscam a vida ao fazer várias cirurgias plásticas ao mesmo tempo

Saúde


14/05/2013

 Muitos pacientes procuram as cirurgias plásticas para melhorar a aparência, mas alguns colocam a vida em risco ao fazer múltiplas operações. Foi o que ocorreu com uma mulher de 48 anos, que morreu depois de se submeter a seis procedimentos de uma só vez.

A diretora de escola Janir Tuffani queria retirar excesso de pele das pálpebras, colocar silicone nos seios e fazer lipoaspiração nos braços, nas pernas, na barriga e nas costas. A cirurgia durou cinco horas e teria sido um sucesso.

No quarto, ela começou a sentir fortes dores abdominais e foi transferida para a UTI. Durante três dias, médicos tentaram conter uma hemorragia interna, mas Janir não resistiu.

O hospital Salt Lake, onde Janir foi operada, acaba de ser vendido e não vai mais realizar plásticas. Representantes informaram que a antiga administração alugava salas e equipamentos para médicos de fora, para cirurgias agendadas.

O médico responsável pela operação não quis falar com a imprensa e disse que vai esperar os exames do IML (Instituto Médico Legal) para se pronunciar.

Múltiplas operações

Janir realizou várias cirurgias em uma para aproveitar a anestesia, reduzir o custo e parcelar o pagamento. Ela gastou R$ 20 mil em dez parcelas.

O diretor da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Fernando de Almeida Prado, afirma que existe risco em qualquer tipo de cirurgia. E que fazer vários procedimentos ao mesmo tempo não aumenta o risco.

O cirurgião plástico e professor da Universidade Federal de São Paulo Fábio Nahas explica que associar várias cirurgias pode trazer benefícios, como uma única anestesia e um único período de recuperação, “mas é preciso cuidado com o tempo de exposição ao anestésico”.

O estado de saúde do paciente também é determinante. Os médicos afirmam que, em alguns casos, as cirurgias múltiplas são totalmente contraindicadas, por problemas de saúde, como pressão alta, associado a diabetes, por exemplo.

O CRM (Conselho Regional de Medicina) abriu sindicância para apurar a morte de Janir. Se ficar comprovado que houve erro e negligência, o cirurgião plástico pode perder o direito de exercer a profissão. O conselho também investiga outra morte suspeita no hospital Salt Lake três meses atrás.

Em fevereiro, a diarista Maria Gilessi Pereira Silva, de 41 anos, morreu no mesmo hospital onde Janir foi operada. A diarista foi submetida a uma cirurgia para colocar silicone nos seios e, uma hora depois, teve uma parada cardiorrespiratória.

Em todo o País, pelo menos sete mulheres morreram por complicações de cirurgias plásticas nos últimos sete meses. O diretor da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica critica o que ele chama de "banalização" da plástica.

O cirurgião Fábio Nahas diz que o custo de pacotes com plásticas múltiplas nem sempre é menor. Segundo ele, às vezes é até melhor fazer em duas vezes, para o paciente ter mais segurança do que se expor a riscos desnecessários.



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