Paraíba

OUÇA: Letra de canção vencedora do ‘Festival de Música da Paraíba’ vira polêmica na CMJP

O vereador Tibério Limeira (PSB) rebateu as críticas e defendeu a liberdade de expressão


22/02/2018

Cultura, democracia, culto a vultos históricos, música, liberdade de expressão, defeitos e virtudes de personagens da política foram alguns dos temas de debate em plenário na primeira sessão ordinária de 2018 na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) na manhã desta quarta-feira (21). Em seu pronunciamento da tribuna, o vereador Lucas de Brito (PSL), 1º-vice-presidente da CMJP, criticou a letra da canção vencedora do ‘1º Festival de Música da Paraíba’, que, segundo ele , agride a figura pública do ex-presidente da República Epitácio Pessoa.

“É uma ofensa e um desrespeito ao maior paraibano e brasileiro de todos os tempos. A canção lhe atribui um adjetivo de baixo calão”, criticou Lucas de Brito, complementando: “Não quero discutir a licença poética da canção, mas apontar que o governo do estado premia uma música de desafeto a uma figura histórica da Paraíba”.

Lucas de Brito fazia referência ao dia 27 de janeiro deste ano, quando o cantor e compositor Chico Limeira foi o vencedor do ‘Festival de Música da Paraíba’, defendendo a canção ‘Imprópria’. Na oportunidade, Chico Limeira arrematou o primeiro lugar do festival, além de ter faturado o prêmio de melhor intérprete. A etapa final do festival aconteceu no no Teatro de Arena do Espaço Cultural. Limeira levou R$ 12 mil (R$ 10 mil pela primeira colocação e mais R$ 2 mil pelo título de melhor intérprete).

A comissão julgadora do festival teve o paraibano Geraldo Vandré como presidente de honra e contou com os seguintes integrantes: José Telles, Fernando Santos, Hernan Halak, Marcello Penedo e Renato Bandeira.

Lembrando que na canção Epitácio Pessoa e o ex-senador da Paraíba Rui Carneiro são chamados de “trapaceiros”, Lucas de Brito destacou: “Na política há divergências partidárias, mas partir para o desrespeito não é aspecto da civilidade, principalmente usando dinheiro público para execrar homens públicos”. As críticas de Lucas de Brito foram endossadas pelo líder da bancada governista da Casa, vereador Milanez Neto (PTB), e pelo vereador Carlão (PSDC).

Liberdade de expressão

O vereador Tibério Limeira (PSB) rebateu as críticas e defendeu a liberdade de expressão. Para Tibério, que também é irmão do cantor e compositor Chico Limeira, os festivais de música sempre foram um espaço de crítica política e no Brasil tiveram ênfase no período da ditadura. “Não estou aqui falando só porque sou irmão de Chico Limeira, mas na defesa da liberdade de expressão”, ressaltou Tibério, acrescentando: “E o governo do estado realizou o festival, mas os integrantes da comissão julgadora não eram membros do governo. E ganhou uma música com o perfil dos festivais, um perfil de contestação”.

Segundo o vereador, Chico Limeira chamou a sociedade para uma reflexão. “Não podemos proibi r e cassar a premiação. Nós na política estamos sujeitos a críticas. Isso faz parte do processo. O autor da música criticou a colocação do nome de políticos em logradouros públicos. Ele teve a liberdade poética de fazer suas críticas”, disse Tibério, revelando que, devido a canção, seu irmão até foi ameaçado por um jornalista durante uma apresentação artística. “Ele fará um boletim de ocorrência e esta Casa precisa se colocar em defesa da liberdade de expressão, principalmente através da arte”.

As observações de Tibério Limeira foram apoiadas pelos vereadores Marcos Henriques (PT), Sandra Marrocos e Bruno Farias (PPS). “Eu enxergo em Epitácio Pessoa um dos grandes vultos brasileiros, mas sei que ele está sujeito a críticas. Dou apoio ao seu irmão, Tibério, e sou pela liberdade de expressão, mas Epitácio merece respeito”, sinterizou Bruno Farias.

Epitácio Pessoa

Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa nasceu em Umbuzeiro, interior paraibano, a 23 de maio de 1865. Moreu em Petrópolis, a 13 de fevereiro de 1942. O político foi magistrado, diplomata, professor universitário e jurista brasileiro e presidente da República entre 1919 e 1922. O período de governo foi marcado por revoltas militares que acabariam na Revolução de 1930, a qual levou Getúlio Vargas ao governo central.

Foi deputado federal em duas oportunidades, ministro da Justiça, do Supremo Tribunal Federal, procurador-geral da República, senador três vezes, chefe da delegação brasileira junto à Conferência de Versalhes e juiz da então Corte Internacional de Haia.

 



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