Música

Orquestra Sinfônica apresenta concerto com músicas de Tom Jobim

Nesta quinta


29/04/2015



Com um programa eclético que contempla diferentes épocas e estilos, a Orquestra Sinfônica da Paraíba realiza, nesta quinta-feira (30), mais um concerto oficial da Temporada 2015. O repertório traz uma trilogia jobiniana com arranjos de Wellington das Mercês, uma peça para piano de Maurice Ravel para a mão esquerda e obra do russo Vasily S. Kalinnikov. A apresentação tem como solista Antônio Vaz Lemes ao piano e a regência fica sob a batuta do maestro Luiz Carlos Durier. A apresentação começa às 20h30, na Sala de Concertos Maestro José Siqueira, no Espaço Cultural José Lins do Rego. A entrada é gratuita.

O concerto começa com a “Bossanovística”, de Wellington das Mercês, trazendo uma trilogia jobiniana com arranjo escrito em 2006, baseada em grandes sucessos como “Dindi”, “Falando de Amor” e “Insensatez”. O arranjo tem início levemente impressionista, com o toque sutil do vibrafone, seguido das flautas e violinos. A primeira das três músicas é ouvida com alternância da melodia, entre madeiras e cordas, e a repetição do tema ganha força e volume com os metais e cordas juntos. A melodia da segunda música é tocada pelo trombone, acompanhada de contraponto entre flautas e glockenspiegel, seguida pelas flautas e oboés. Já “Insensatez” recebe uma orquestração mais robusta, cheia e intensa, envolvendo todos os naipes da orquestra e, em alguns trechos, determinados naipes recebem um tratamento camerístico.

Na sequência, o pianista Antonio Vaz Lemes vai executar o “Concerto para mão esquerda” de Maurice Ravel (1875 -1937), obra nunca tocada em solo paraibano. O Concerto foi composto quase como um desafio para o eminente pianista austríaco Paul Wittgenstein, que tinha perdido o braço direito num combate durante a Primeira Guerra Mundial e cuja carreira parecia terminada. Contudo, Wittgenstein demonstrou coragem ao não se conformar com o fato e escreveu a vários compositores pedindo-lhes que escrevessem músicas que ele pudesse tocar em tais circunstâncias. Diante do apelo, e cedendo ao seu amor inato pela experimentação e pelo incomum, Ravel ficou fascinado por esta prova técnica e trabalhou para escrever algo que pudesse atender as necessidades do pianista tão gravemente sacrificado. A peça foi executada pela primeira vez em Viena, em 5 de janeiro de 1932, por Paul Wittgenstein, e foi ainda este perseverante pianista quem o apresentou pela primeira vez em Paris, a 17 de janeiro de 1933, sob a regência de Ravel.

A obra escolhida para fechar o concerto é “Sinfonia n. 1 em Sol Menor”, de Vasily S. Kalinnikov (1866 – 1901). A sinfonia anuncia sua nacionalidade desde o momento da sua abertura, com as cordas tocando em uníssono, o que poderia ser uma frase de uma canção popular russa. Os instrumentos de metal respondem de imediato com a música cheia de tensão harmônica. Há choques sônicos dignos de Tchaikovsky, e até mesmo um tratamento do tema inicial em contraponto em forma de fuga.

Após o drama e inquietação deste primeiro movimento, Kalinnikov começa a segunda parte com uma passagem atmosférica ancorada por uma oscilação de duas notas. Ao longo desta figura agora flutua vertentes suaves de melodia, levando em breve a uma ideia mais animada e sensual para o oboé. A música constrói a um clímax central, mas Kalinnikov retorna ao devaneio mágico do início, permitindo o movimento fechar como começou.

O terceiro movimento traz outra mudança de humor efetuada por um scherzo vigoroso com algo do caráter de uma dança russa. Um episódio central, melancólico, ou "trio", também atinge uma nota folclórica. A sinfonia termina com um final retrospectivo, que começa com uma recordação do primeiro tópico do movimento de abertura e inclui reminiscências de outros temas que têm ido antes. Para este reciclado de ideias, Kalinnikov adiciona novo material, e o movimento leva a um êxtase de conclusão típica das sinfonias na tradição romântica russa.

Antonio Vaz Lemes – Pianista, solista, instrumentista de música de câmera e acompanhador de cantores, o paulistano Antonio Vaz Lemes é detentor de sólida formação musical tanto como instrumentista clássico como popular, tendo estudado em prestigiosas instituições brasileiras, tais como o Conservatório de Tatuí, o Instituto de Artes da Unesp e a Emesp Tom Jobim.

Na França, além de um período fértil de aulas com Noël Lee, frequentou o Conservatoire Américain de Fontainebleau e a Académie Francis Poulenc. Entre aulas e masterclass, recebeu a orientação de mestres como Phillipe Entremont, Alicia deLarrocha, Jean Phillipe Collard, Christian Ivaldi, Nahin Marum e Gilberto Tinetti.

Esteve frente a orquestras como a do Festival Eleazar de Carvalho, além das Sinfônicas de Campo Grande, São Caetano do Sul, Tatuí e de Sergipe. Como camerista, tem realizado diversos trabalhos junto a importantes nomes da cena musical clássica brasileira. Destes, se destaca a parceira com o cantor Edson Cordeiro, com quem gravou o elogiado álbum Contratenor, que em 2006 foi indicado ao Latin Grammy Awards® na categoria Melhor Álbum Clássico.

Com o apoio da Capes, realizou no mestrado em performance a pesquisa “Dedilhado pianístico e suas relações com princípios técnicos e musicais”, pelo Instituto de Artes da Unesp. Residente em São Paulo, Antonio Vaz Lemes é professor na Escola Municipal de Iniciação Artística (Emia), onde desenvolve intensa atividade pedagógica na iniciação pianística infantil.

Seu primeiro álbum solo, Sonata Brasileira, é o primeiro lançado em formato aplicativo lançado na música clássica mundial. Aclamado pela mídia especializada, registra tanto sua técnica e musicalidade como seus interesses e inquietações artísticas.

Luiz Carlos Durier – Natural de João Pessoa (PB), Luiz Carlos Durier é o regente titular da OSPB Jovem há 17 anos. Seu trabalho direcionado para jovens músicos em formação tem reconhecimento em todo o Brasil. As suas interpretações cativantes e criativas produzem sempre sucesso de público e crítica. Sob sua batuta já se tornou tradição a Jovem apresentar estreias mundiais com excelente qualidade técnica e artística. Em setembro de 2013 foi nomeado diretor artístico e regente titular da OSPB.

Na UFPB concluiu o ensino superior de Música nos cursos de Licenciatura e Bacharelado. Desde que chegou à Escola de Música Anthenor Navarro (Eman), em 1991, lidera atividades de educação musical ensinando:

Musicalização, Viola e Música de Câmara e Regência. Participou das XIX e XX Semana da Música da UFRN como professor da classe de regência. Na UEPB está realizando o Curso de Especiação Em Fundamentos da Educação – Práticas Pedagógicas Interdisciplinares.

Como regente convidado conduziu a Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte, Orquestra Sinfônica do Estado de Sergipe, Orquestra Sinfônica da UFRN e Orquestra Criança Cidadã do Recife. Regeu a Orquestra de Cordas da 29ª e 30ª Oficina de Música de Curitiba. Na sua formação como regente foi aluno de Wolfgang Groth, Nelson Nuremberg e Guilhermo Scarabino. Desde 2005 estuda com o maestro Osvaldo Ferreira. Participou de Master Class com os maestros Kurt Masur e, recentemente, com Dante Anzolini. Ainda teve como mestres o maestro José Siqueira, José Alberto Kaplan, Iara Bernette, Violeta de Gainza, Guilhermo Campos e Horácio Schafer.

Conduziu a OSPB na gravação ao vivo do CD da cantora Marines e sua Gente, do DVD Sivuca e os Músicos Paraibanos. Tem acompanhado com frequência artistas populares com a OSPB e OSPB Jovem em grandes concertos populares, tais como: Ângela Ro Ro, Arnaldo Antunes, Tico Santa Cruz e Renato Rocha (Detonautas), Flávio José, Genival Lacerda, Alcione, Toninho Ferragutti, Geraldo Azevedo e Dominguinhos, sempre com grande sucesso de público e crítica. No ano de 2012 recebeu a Comenda de Honra ao Mérito pelo brilhante desempenho profissional frente à OSPB.



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