Futebol

Olho no olho, corneta, frieza: como Henrique virou artilheiro do Brasileiro

Palmeiras


10/10/2014

{arquivo}Como o centroavante de um time que luta contra a zona de rebaixamento é o artilheiro do Brasileirão? A pergunta sem resposta para o técnico Dorival Júnior também não tem explicação para Henrique, goleador da competição, com 13 gols, ao lado de Marcelo Moreno, do líder Cruzeiro. Desfrutando da boa fase na retomada do time, o atacante do Palmeiras contou algumas das técnicas para manter o faro de gol apurado.

Os 13 gols de Henrique contribuíram diretamente para 17 dos 31 pontos do Palmeiras, 13º lugar no campeonato. Ele deixou sua marca em cinco vitórias (Goiás, Figueirense, Vitória, Chapecoense e Botafogo), dois empates (Bahia e Atlético-PR) e quatro derrotas (Flamengo, Atlético-MG, São Paulo e Sport). Quatro gols foram de pênalti, fundamento no qual tem uma técnica especial: ele "esquece" a bola e encara o goleiro.

– Eu treino de duas formas. Tem essa, de não olhar para a bola, e o normal de todo jogador, batendo o pênalti seguro. No jogo, dependendo do momento e da situação, eu deixo o goleiro na dúvida (risos). Também é bom. Ele fica na dúvida e eu também posso bater firme. É muito trabalho. Só com treinamento para aprimorar isso. Sei que não serei perfeito, mas estou em busca de sempre balançar as redes – disse.

A eterna busca pelo gol de todo centroavante faz Henrique também cometer erros. Badalado por palmeirenses após as bolas na rede dos últimos dias, ele também conviveu com o lado "corneta" dos torcedores por perder chances consideradas fáceis. Mas uma das críticas foi encarada com bom humor.

– Houve um fato engraçado no qual fui marcado em uma foto. Cliquei e estava lá um rapaz comentando: "você é Seleção, mito!". Editaram esse comentário e colocaram embaixo o mesmo rapaz: "Você não presta, volta para onde você veio". Marcaram e colocaram na legenda: “está vendo como torcedor é?”. Tem de saber lidar. Mas acabo nem vendo, não deixo essas coisas atrapalharem – afirmou.

Em 2007, Josiel, então no Paraná, foi o artilheiro do Brasileirão, com 20 gols. Mas a equipe foi rebaixada. Em 2008, Washington, do Flu, e Kléber Pereira, do Santos, viram seus times na parte debaixo da tabela, mas foram os goleadores
– Precisa estar preparado psicologicamente, ter a cabeça no lugar na hora difícil, porque só nós, jogadores e a comissão, podemos reverter essa situação. O que vem do lado de fora não pode atrapalhar. Quando perco um gol, mantenho o foco, porque é normal para atacante errar. Se eu perder um com dois minutos, não posso me desestabilizar, porque preciso estar pronto para quando aparecer uma chance aos 45. Isso é o diferencial. É esse lado psicológico que tento trabalhar – completou.

Mesmo sendo incomum a briga pela artilharia com o time lutando contra o Z-4, o feito de Henrique não é inédito. O atacante repete no Palmeiras o que Washington, no Fluminense (14º), e Kléber Pereira, no Santos (15º), fizeram na edição de 2008, quando as equipes ficaram perto da degola e eles marcaram 21 gols, sendo os artilheiros da competição – Keirrison, no Coritiba (9º), também ficou empatado na liderança. Em 2007, Josiel, do Paraná, foi o goleador isolado (20 gols), mas viu seu time ser rebaixado na 19ª colocação. História que Henrique não quer repetir.
Ainda que não saiba a dimensão do que seria conseguir a artilharia do Brasileiro pelo Palmeiras, sem um goleador da competição desde 1967, com César Maluco, ele se preocupa primeiro em eliminar o risco de queda.

– Não tenho (a noção), mas deixo isso para depois. Primeiro quero tirar o Palmeiras dessa situação com meus companheiros. Se for o artilheiro, no ano do centenário, que é especial, ficarei muito feliz. Mas isso será consequência da atuação de cada jogador – finalizou.

Com contrato até o final do ano, emprestado pelo Mirassol, Henrique ainda não tem definido o seu futuro no clube. Segundo os representantes do atacante, há um entendimento com o Palmeiras de que as negociações só sejam iniciadas após o Brasileiro.

O Palmeiras volta a campo no próximo sábado, às 21h, contra o Grêmio, no Pacaembu.



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