Sociedade
O silêncio do Dia dos Pais: como homens vivenciam o luto sem espaço para falar
Falta de validação social e estigmas sobre masculinidade dificultam a vivência do luto por pais e viúvos
08/08/2025

Portal WSCOM
O Dia dos Pais pode ser uma data de dor silenciosa para muitos homens. A perda de um pai, de um filho ou de uma companheira é uma experiência emocional profunda, mas que, culturalmente, não encontra o mesmo acolhimento oferecido a outras vivências de luto. O resultado é um sofrimento solitário, muitas vezes invisibilizado por uma sociedade que ainda cobra dos homens racionalidade e resiliência inabaláveis.
Para Simône Lira, psicóloga especialista em luto do Grupo Morada, responsável pelas marcas Morada da Paz, Morada da Paz Essencial e Morada da Paz Pet, esse cenário tem começado a mudar com a criação de espaços de escuta e acolhimento emocional, como o grupo Chá da Saudade, promovido mensalmente pela empresa. O encontro é mediado por psicólogos do luto e tem registrado um crescimento gradual da participação masculina, sobretudo entre pais enlutados e viúvos de relacionamentos longos.
“Temos casos de homens que perderam a esposa após décadas de casamento e que, mesmo anos depois da perda, continuam frequentando os encontros. Eles veem no grupo um espaço seguro para falar, para se reconhecer no processo de luto e também para se autorizarem a expressar sentimentos dentro de casa — com os filhos, por exemplo”, destaca Simône.
A entrada no Chá da Saudade ocorre por triagem. O participante precisa fazer contato com a central de atendimento e passar por uma entrevista com a equipe de psicologia do luto. A busca é, em geral, ativa: muitos chegam por recomendação de cerimonialistas, atendentes ou por mensagens institucionais. “O fato de buscarem esse suporte já indica uma mudança
de comportamento. São homens que reconhecem o impacto da dor e desejam compreender melhor seus sentimentos, ao contrário do que tradicionalmente se espera deles”, explica.
Entre os perfis mais recorrentes, estão pais que vivenciaram perdas gestacionais ou neonatais, além de viúvos que enfrentam o luto após relacionamentos duradouros. Nos encontros, compartilham dúvidas sobre como conversar com os filhos pequenos, como lidar com as emoções que desconhecem ou que sempre reprimiram. Alguns relatam que o grupo os ajudou a melhorar a comunicação familiar e a se sentirem menos sozinhos.
A vivência do luto masculino ainda é atravessada por tabus. Segundo Simône, “há uma cobrança social para que o homem seja o pilar da família, o responsável por dar suporte emocional e estrutural. Poucos se perguntam quem dá suporte a ele”. A falta de escuta, os estigmas sobre sensibilidade e a ausência de validação da dor dificultam a elaboração doluto, podendo gerar impactos emocionais duradouros. Ao oferecer escuta qualificada e acolhimento psicológico, o Grupo Morada contribui para ampliar o debate sobre o luto masculino e fortalecer a construção de redes de apoio mais justas e empáticas. Reconhecer a dor dos homens é parte fundamental de uma cultura de luto mais humana, onde o silêncio não seja a única resposta possível para a perda.
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