Economia

Número de indústrias cresce, mas o de empregados cai na Paraíba nos últimos 10 anos; confira os dados


25/06/2025

Foto: Wilson Dias / Agência Brasil

Portal WSCOM

Dados divulgados nesta quarta-feira (25) pelo IBGE apontam que  o número de pessoas ocupadas em unidades industriais com cinco ou mais pessoas ocupadas, caiu 10,5% na Paraíba entre 2014 e 2023, passando de 79.389 para 71.065 pessoas, respectivamente. No sentido oposto, o total de unidades industriais locais cresceu 1,7% no período, saindo de 1.858 estabelecimentos em 2014, para 1.889 em 2023. Os dados integram os resultados da Pesquisa Industrial Anual (Empresa e Produto) 2023,.
O número de pessoas ocupadas nas unidades industriais locais da Paraíba, com 5 ou mais empregados, apresentou uma trajetória de queda entre 2014 e 2019, passando de 79.389 para 65.326 pessoas, respectivamente, uma redução de cerca de 17,7% nesse período. A partir de 2020, observa-se uma tendência de recuperação, com o contingente de pessoas ocupadas crescendo até atingir 72.804 em 2022. No entanto, em 2023, o indicador voltou a recuar, chegando a 71.065 pessoas ocupadas. Apesar da melhora em relação ao ponto mais baixo da série, registrada em 2019, o nível de emprego formal na indústria paraibana permanece inferior ao patamar de 2014, com perda de 8.324 postos de trabalho em uma década.
A redução de 10,5% no número de pessoas ocupadas em unidades com cinco ou mais empregados, foi mais intensa do que a observada no Brasil (-3,6%) e no Nordeste (-3,9%) no mesmo período. Em contrapartida, o número de unidades industriais locais no estado cresceu 1,7%, enquanto no Brasil houve queda leve (-0,1%) e no Nordeste um avanço maior (3,7%). Na comparação entre 2022 e 2023, a Paraíba voltou a apresentar resultados contrastantes. O número de unidades locais cresceu 2,9%, mas o total de pessoas apaixonadas caiu 2,4%. Já o Brasil e o Nordeste registraram crescimento tanto no número de estabelecimentos industriais (7,3% e 8,2%, respectivamente), quanto em pessoal ocupado, com 2,9% e 3,0%, respectivamente.
Do total de 71.065 pessoas ocupadas em 2023, 98,4% (69.924 pessoas) estavam vinculadas às atividades da indústria de transformação, enquanto a indústria extrativa respondeu por 1,6% do total (1.141 pessoas ocupadas). Essa distribuição manteve-se relativamente estável nos últimos dez anos.
A atividade com maior número de pessoas empregadas foi a Fabricação de produtos alimentícios, com 16.746 trabalhadores, seguida pela Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagens e calçados (12.019 pessoas) e pela Fabricação de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (8.584 pessoas). Juntos, esses três setores representaram 53,4% do total de pessoal ocupado na indústria de transformação estadual, evidenciando uma centralidade na dinâmica produtiva local. Observa-se que das 33 divisões industriais, apenas dez superam a marca de 2 mil ocupados.
Em relação ao número de unidades industriais locais, com cinco ou mais pessoas ocupadas, na Paraíba, observou-se uma tendência de relativa estabilidade em dez anos, embora marcada por oscilações. O quantitativo partiu de 1.858 unidades em 2014, atingiu um pico de 1.936 em 2015, e posteriormente revelou uma queda acentuada, alcançando o menor patamar em 2020 (1.679 unidades). A partir desse ponto, iniciou-se uma recuperação constante, culminando em 1.889 unidades em 2023, resultado esse que praticamente retorna ao nível de 2014.
Em 2023, a distribuição das unidades locais por atividade industrial revela uma forte concentração em alguns setores específicos. A Fabricação de produtos alimentícios liderou com folga, totalizando 485 unidades, seguida pela Fabricação de produtos de minerais não-metálicos (255) e a Confecção de artigos do vestuário e acessórios (127). Os setores tradicionais, como bebidas, têxteis, produtos químicos e borracha e plástico também apresentam presença significativa.
Indústria paraibana mantém perfil concentrado e perde participação na VTI do Nordeste
Em relação ao Valor da Transformação Industrial (VTI), um indicador aproximado da geração de valor, a pesquisa contatou que a indústria da Paraíba manteve, em 2023, uma estrutura produtiva específica em setores tradicionais, com destaque para a Fabricação de produtos alimentícios (19,1% do VTI estadual), seguida pela Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (18,4%) e pela Fabricação de produtos de minerais não-metálicos (15,3%). Juntas, essas três atividades responderam por 52,8% de todo o VTI estadual, evidenciando baixa diversificação setorial.
Entre 2014 e 2023, na Paraíba, as divisões da indústria com maior relevância econômica passaram por trajetórias distintas. Os segmentos de Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, calçados e afins lideraram o VTI por boa parte do período, alcançando o pico em 2019, com cerca de R$ 1,4 bilhão, mas apresentaram nível de recuperação e estabilidade a partir de 2020. Já a Fabricação de produtos selecionados, principalmente em segundo lugar, teve crescimento consistente a partir de 2019 e ultrapassou o setor de couro em 2023, atingindo o maior valor da série, com mais de R$ 1,3 bilhão. A fabricação de produtos de minerais não metálicos também teve forte expansão nos últimos anos, saindo de um patamar inferior a R$ 700 milhões entre 2014 e 2019. para ultrapassar R$ 1 bilhão em 2023. Em contrapartida, a Fabricação de produtos têxteis oscilou ao longo do período, com crescimento expressivo em 2021 (R$ 739 milhões), mas voltou a cair em 2022 (R$ 693 milhões) e 2023 (R$ 467 milhões).
Apesar do crescimento nominal do VTI da Paraíba — que alcançou cerca de R$ 6,95 bilhões em 2023 —, o estado perdeu participação relativa no total da Região Nordeste. A participação do estado no VTI nordestino caiu de 4,4 em 2014, para 3,6% em 2023. Esse retorno contrasta com o desempenho de estados como Ceará, que subiu de 14,4% para 17,1%, e Pernambuco, de 17,2% para 22,7%. No ranking nacional, a Paraíba aparece com o 9º menor valor de transformação industrial do país.
Além da concentração setorial, o perfil produtivo também permanece dominado pelas indústrias de transformação, que representaram 94,9% do VTI total em 2023. As indústrias extrativas, apesar de pequenas, vêm aumentando gradualmente sua participação, passando de 3,3% em 2014 para 5,1% em 2023, no total do valor da transformação industrial da Paraíba.


Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.