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Nordestino vítima de neonazistas quer se mudar


29/04/2013



O medo de sofrer uma terceira agressão por conta de racismo ronda Cirley Santos, de 33 anos, após ter apanhado no último sábado de um grupo de neonazistas, em Niterói. Os motivos que levaram ao ataque foram o fato de a vítima ser nordestina — Cirley é natural de Natal (RN), mas mora no Estado do Rio desde os 5 anos — e gostar de músicas jamaicanas.

A perseguição do grupo começou há um ano, quando houve a primeira agressão e, com a repetição da mesma história anteontem, Cirley pensa em mudar de cidade:

— Estou com medo de sair de casa, porque não sei quem são os amigos deles (os integrantes do grupo) que estão soltos por aí. Penso em mudar de cidade, não quero mais que eles saibam onde eu moro. Fico preocupado, porque vivo com o meu pai, e ele tem pressão alta. E ele, claro, está tão receoso quanto eu — contou a vítima.

Audiência pública

No momento em que Cirley foi agredido, havia apenas duas pessoas do grupo de neonazistas, que se intitula skinhead. O nordestino, desempregado, distribuía currículos pela Praça Arariboia, em Niterói, quando foi surpreendido.

Os dois rapazes foram encontrados, dentro de um Peugeot preto, próximo à praça, com mais três homens, que foram detidos na manhã de sábado, na 77 DP (Icaraí). Um menor, de 15 anos, também estava com eles e foi apreendido.

Os acusados foram identificados pela polícia como Caio Souza Prado, de 23 anos, Thiago Dias Borges, de 28, Philipe Ferreira, de 21, Carlos Luiz Bastos, de 33, e Dauil Oliveira de Moraes, de 31.

O vereador Renatinho (PSOL), presidente da Comissão de Direitos Humanos, da Criança e Adolescente da Câmara de Niterói, realizará uma audiência pública para debater a discriminação.

Detentos foram ontem para Bangu

Depois de passar a noite na 77ª DP (Icaraí), os cinco integrantes do grupo de neonazistas foram encaminhados ontem, por volta de meio-dia, para Bangu. O menor, de 15 anos, foi levado para o Instituto de Menores.

O bando carregava dentro do carro elementos de agressão como soco inglês, além de bandeiras e panfletos com a cruz suástica, símbolo do nazismo.

Segundo a delegada adjunta da 77ª DP Helen Sardenberg, eles respondem pelos crimes de intolerância de cor, raça, religião, etnia e veiculação de símbolos, ornamentos, distintivos ou propagandas que tenham a cruz suástica.

A pena mínima é de cinco anos e, juntos, todos esses crimes cometidos pelo grupo se tornam inafiançáveis.

 



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