Internacional

No 3º aniversário da guerra na Ucrânia, Trump negocia paz com Putin e isola Zelensky

Conselho de Segurança da ONU vota hoje texto neutro proposto pelos EUA, sem acusações à Rússia.


24/02/2025

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente dos EUA, Donald Trump (Foto: Sputnik/Mikhail Klimentyev/Kremlin via REUTERS/Foto de arquivo)

Brasil 247



Três anos se passaram desde o início do principal conflito bélico da década: a guerra na Ucrânia. Desde os primeiros dias deste ano, um novo capítulo parece estar sendo escrito. Desta vez, por um ator inesperado: Donald Trump. O presidente dos Estados Unidos, recentemente empossado, está agora no centro de uma negociação pela paz diretamente com Vladimir Putin, isolando o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Trump parece estar apostando em sua relação pessoal com o líder russo para alcançar um acordo. Segundo fontes próximas às negociações, o presidente americano estaria propondo um cessar-fogo imediato, seguido de uma série de concessões territoriais e garantias de segurança mútua entre Rússia e Ucrânia.

Alguns aliados ocidentais dos EUA apontam que excluir a Ucrânia das negociações é um erro estratégico grave. Afinal, é o povo ucraniano que tem suportado o peso da guerra, e é o governo de Kiev que tem lutado incansavelmente para manter a integridade territorial do país. Ignorar Zelensky pode ser interpretado como uma legitimação tácita das ações de Moscou.

A comunidade internacional está dividida. Aliados tradicionais dos EUA na Europa expressaram preocupação com a possibilidade de um acordo que beneficie a Rússia em detrimento da Ucrânia. Para países como Polônia e os Estados Bálticos, qualquer concessão territorial pode ser vista como um precedente perigoso, encorajando futuras agressões de Moscou. Por outro lado, há vozes que defendem a necessidade de uma solução pragmática, ainda que imperfeita, para evitar mais derramamento de sangue.

A reação de Zelensky até agora tem sido de indignação, mas ele percebeu a força dos entendimentos entre Washington e Moscou e já dá sinais de que poderá ceder.

O que está claro é que a iniciativa de Trump, seja qual for seu resultado, marca um momento crucial na guerra da Ucrânia. Se bem-sucedida, pode abrir caminho para o fim de um conflito que já dura três anos.

Resolução da ONU 

Nesta segunda-feira (24), o Conselho de Segurança da ONU votará um projeto de resolução sobre a guerra na Ucrânia apresentado pelos Estados Unidos. A proposta, segundo informa a missão permanente da China na ONU à TASS, representa uma mudança significativa na abordagem norte-americana: diferentemente de resoluções anteriores, o texto não inclui acusações diretas à Rússia e enfatiza um tom mais neutro.

A decisão dos EUA de apresentar esse documento — e, notadamente, de não assinar a resolução de Kiev e seus aliados ocidentais — levanta questionamentos sobre os interesses reais por trás dessa manobra diplomática. Durante três anos, Washington foi a ponta de lança de uma campanha global de condenação à Rússia, promovendo sanções, enviando volumosos pacotes militares à Ucrânia e pressionando países do Sul Global a aderirem à sua linha de política externa.

O que mudou, então? A iniciativa pode ser interpretada como um reconhecimento da falha na estratégia ocidental. Apoiar indefinidamente a Ucrânia tornou-se um fardo político e financeiro, especialmente para os EUA, onde a opinião pública se mostra cada vez mais cética em relação aos custos dessa guerra.

A própria realidade no campo de batalha contribui para a mudança na posição dos EUA. A Ucrânia não alcançou os objetivos militares prometidos pela OTAN e enfrenta escassez de munições e tropas. A Rússia, por sua vez, consolidou suas posições e segue resistindo à pressão econômica do Ocidente. Diante desse cenário, os EUA podem estar sinalizando que uma saída diplomática se tornou inevitável.

Resta saber se essa nova abordagem irá se traduzir em uma mudança real ou se trata-se apenas de um jogo político para contornar a crescente fadigaem relação à guerra. A votação desta segunda-feira será um termômetro não apenas para medir o isolamento da Ucrânia, mas também para entender até que ponto os EUA estão dispostos a abrir mão de sua postura confrontacionista em prol da diplomacia.



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