Brasil & Mundo

MP vai investigar viagens de Doria para outros Estados

PREFEITO DE SP


14/09/2017



  O promotor de Justiça do Ministério Público de São Paulo, Marcelo Milani, deu prazo de 20 dias para o prefeito da capital paulista João Doria (PSDB-SP) explicar as viagens feitas recentemente a outros estados. Uma representação do Partido dos Trabalhadores (PT), protocolada no fim de agosto, pede o detalhamento de gastos em viagens a capitais como como Fortaleza, Natal, Salvador e Curitiba, cidades onde o prefeito recebeu homenagens e condecorações.

Doria, segundo o despacho deve informar os roteiros e agendas dos dias 5, 12, 19, 27 e 28 de junho e de 3, 7, 14, 16 e 18 de agosto. O documento do PT, segundo a portaria do Ministério Público, alega que o prefeito fez as viagens "com status de candidato à presidência". Em Palmas, por exemplo, uma faixa exibia o frase "Tocantins quer Doria presidente". O tucano também deverá explicar como ocorreu a comunicação das ausências ao seu substituto imediato, o vice-prefeito Bruno Covas (PSDB-SP).

O promotor Marcelo Milani destaca em seu despacho que a representação se baseia em reportagens que tratam da ausência do prefeito na gestão da cidade em horário de expediente e com custos ao erário, ressaltando que "o representado controla uma das maiores cidades do mundo por via de seu smartphone".

O diretório municipal do PT, autor do pedido de investigação, afirma que há uso da estrutura da prefeitura para deslocamentos ao aeroporto, agendamento de reuniões e que "funcionários e servidores estariam sendo pagos pelo erário no acompanhamento dessa empreitada, rumo às eleições de 2018".

Doria tem dito que as viagens não atrapalham seu trabalho como prefeito. Em entrevistas recentes, ele afirmou que usa o próprio avião para não gerar custos ao município, e que a agenda externa faz parte de sua atuação como vice-presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), embora parte dos encontros seja com empresários.

— Não há nenhum impedimento para que o prefeito da cidade de São Paulo viaje, além do que, com a tecnologia você pode estar ligado, cobrando a todos e presente. Não há nenhum problema nisso. Ademais, a Prefeitura de São Paulo é gerida por um time, por uma equipe de trabalho. Não há mais a visão solitária de uma pessoa comandando, há um grupo de pessoas que comandam, e muito bem, todas as tarefas na cidade de São Paulo — afirmou, após viagem a Tocantins em 14 de agosto.

Doria desembarcou nesta quinta-feira em Buenos Aires negando ter uma "agenda presidencial" e evitando fazer comentários sobre a provável nova denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer. Perguntado sobre o assunto, o prefeito limitou-se a dizer que "é preciso que isso (a denúncia de Janot) aconteça, de fato".

— Por enquanto há indicações de que isso vai ocorrer. Aí (quando ocorrer) avaliaremos um pouco melhor — disse Doria a jornalistas brasileiros, na porta da residência do embaixador do Brasil na capital argentina.

Considerando a data do despacho — dia 6 de setembro — o prazo para o prefeito se explicar ao Ministério Público já é inferior a 20 dias. Até o momento, o MP instaurou um "procedimento preparatório do inquérito civil para apurar os fatos descritos".

Procurada pelo GLOBO, a assessoria de João Doria informou que “a Prefeitura de São Paulo responderá em breve os questionamentos do Ministério Público para comprovar a total legalidade nas ações. Ressalte-se que as viagens são custeadas pelo próprio prefeito”.



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