Policial

Motim de policiais em 2020 no Ceará tem 18% mais assassinatos do que paralisação de 2012

Foram 147 mortes de quarta a domingo contra 124 no ato de oito anos atrás, que durou sete dias. Batalhões da PM continuam fechados no 8º dia de paralisação.


25/02/2020

Encapuzados esvaziam pneus de viaturas no Ceará - Foto: José Leonar

G1/CE

Durante o motim dos policiais militares no Ceará de 2020, houve 18,5% mais assassinatos no estado do que na paralisação de PMs de 2012. Foram 147 neste ano contra 124 oito anos atrás, segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS).

 

O motim entrou nesta terça-feira (25) no oitavo dia. Três batalhões da PM continuam fechados no estado. O movimento de 2012 durou durou sete dias, um a menos, e se deu entre 29 de dezembro de 2011 e 4 de janeiro de 2012.

 

Os 147 homicídios neste ano ocorreram em cinco dias, de meia-noite de quarta-feira (19) às 23h59 de domingo (23). Os 124, de 0h de 29 de dezembro de 2011 até as 23h59 de 4 de janeiro de 2012.

 

As duas manifestações foram consideradas ilegais pela Justiça do Ceará, são proibidas pela Constituição Federal e reforçada pelo Supremo Tribunal Federal, em entendimento de 2017. Ainda assim, policiais cruzaram os braços e deixaram de cumprir as atividades de segurança pública.

 

Para o pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC) Ricardo Moura, o motim realizado neste ano é, pelo menos em parte, consequência de uma crise “mal resolvida” em 2012.

 

O então governador do Ceará, Cid Gomes, prometeu naquele ano anistia aos militares que atuavam na paralisação. A anistia foi cumprida, mas Cid fez a transferência de vários policiais para cidades distantes do interior do Ceará, o que foi considerado como punição por parte da categoria.

 

“Desde então as relações entre policiais e o Governo do Estado sempre foram tensas e agora [Camilo Santana, governador do Ceará] lida com uma categoria que quer conseguir as reivindicações na marra”, diz o pesquisador.

 

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