Política

‘Milícias digitais’ são alvo de investigação do STF


29/04/2019

Foto: Reprodução

 As milícias digitais estão na mira de investigação do Supremo Tribunal Federal, presidido por Dias Toffoli, que suspeita de um complô movido a dinheiro para desmoralizar a Corte. O órgão tem como objetivo descobrir se há verba por trás de ataques e ameaças ao STF e seus togados, e qual a fonte de financiamento. Estimulado por uma ala do Supremo, há chance de o Congresso Nacional investigar “a utilização de perfis falsos para influenciar os resultados das eleições de 2018”. Seria uma CPI das Fake News. Quem coleta assinaturas para a CPI é o deputado Alexandre Leite, do DEM paulista, de acordo com informações do jornalista André Barrocal, em reportagem publicada na Carta Capital.

 Desde o início de abril, o empresário Fabio Wajngarten, de 43 anos, é o chefe da comunicação do presidente Jair Bolsonaro. É judeu, e o empresariado de origem judaica apoiou em peso o ex-capitão. É especialista em web e redes sociais, arena das milícias bolsonaristas. Também vale ressaltar que Israel é terra de empresas de ponta em tecnologia da informação e espionagem.

O guru de Bolsonaro, o escritor Olavo de Carvalho, por exemplo, vê o tribunal uma barreira ao avanço da extrema-direita. Já dedicou uma de suas aulas pela internet a criticar o STF, em 22 de julho de 2018, às vésperas da eleição. Segundo o escritor, o Judiciário é usado no mundo pela esquerda para tomar o poder. E que, baseados em princípios da atualidade, os juízes favorecem mulheres, negros, gays, indígenas. “Me parecia apenas que os juízes (do STF) estavam vendidos ao PT, mas a coisa é muito pior. O esquema de apropriação do País pela Suprema Corte já está em avançada fase de realização. E nós temos alguns meses para reagir contra isso. É urgente”, disse Carvalho na aula.

Umas semanas antes, Carvalho foi ao canal no YouTube da jornalista Joice Hasselmann, eleita deputada por São Paulo pelo PSL, e disse: “O Supremo é o inimigo público número 1”. Em abril de 2015, escreveu no Facebook: “Enquanto houver um só juiz do STF à solta, ninguém se sentirá protegido contra o crime”. Em dezembro daquele ano, foi ao Twitter: “STF = são todos filhos-da-puta”. Em maio de 2016, na mesma rede social: “Os juízes do STF só farão a coisa certa se forem aterrorizados pela população”.

Há “ideias heterodoxas no bolsonarismo para controlar o STF”, atesta a reportagem. A deputada Bia Kicis (PSL-DF) propôs mudar a Constituição para os juízes voltarem a se aposentar com 70 anos para abrir mais vagas e o governo. Era essa idade até a reeleição de Dilma Rousseff, mas Gilmar Mendes e o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (MDB-RJ) agiram para esticar até 75, com o objetivo de impedir a então presidente de indicar mais gente ao Supremo. Bia quer que Bolsonaro indique mais (quatro, não dois). O impeachment de togados, uma decisão que cabe ao Senado, seria outra forma de abrir vagas.

Brasil 247 


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