Economia

Menor dependência dos EUA protege Brasil de tarifaço, aponta Banco Central

Menor dependência comercial do Brasil em relação aos Estados Unidos é vista como proteção contra as novas tarifas, mas BC alerta para efeitos no emprego e nas exportações.


11/08/2025

(Foto: Reprodução)

Portal WSCOM / Brasil 247



Dentre todos os países que tiveram suas tarifas reajustadas recentemente pelos Estados Unidos, o Brasil deve ser menos afetado pelo ponto de vista comercial, de acordo com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. A declaração foi feita nesta segunda-feira (11), durante uma palestra na reunião do Conselho Político e Social (COPS) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

Siga o canal do WSCOM no Whatsapp.

Segundo Galípolo, a economia brasileira, por ser mais diversificada e menos atrelada ao desempenho dos Estados Unidos, está em posição relativamente mais segura diante das recentes medidas protecionistas anunciadas por Washington.

“Quando a economia americana estava construindo essa exuberância, a Bolsa estava crescendo muito, (a economia tendo) ganhos de produtividade, quem enxergava o México colado na economia americana, falava ‘bom, então ele vai se beneficiar disso’. O Brasil, menos correlacionado, era visto como alguém que se beneficiaria menos no caso da exuberância americana permanecer”, afirmou.

“A partir do anúncio de um tarifaço, aquilo que era visto como uma desvantagem passou a ser visto como proteção. Como o Brasil depende menos dos Estados Unidos, vai se machucar menos do ponto de vista comercial”, acrescentou.

O presidente do BC também comentou que investidores internacionais têm buscado maior diversificação em suas carteiras. Embora continuem aplicando nos Estados Unidos, têm incluído ativos que funcionam como proteção contra a desvalorização do dólar.

Durante sua fala, Galípolo abordou ainda os impactos que as tarifas americanas podem ter na inflação brasileira. Ele destacou que, segundo os questionários pré-Copom (Comitê de Política Monetária), o mercado identifica efeitos variados, porém, em grande parte, temporários. Entre eles, o aumento da oferta de produtos nacionais, que pode conter preços, e a desvalorização do real, que geraria pressão inflacionária, mas de curta duração.

Mais preocupante, segundo ele, é o impacto duradouro sobre o emprego e as exportações brasileiras.

“O efeito que analistas enxergam como mais duradouro seria a perda de empregos e a dificuldade que certos setores terão para encontrar novos destinos para suas exportações”, afirmou.

Galípolo também chamou a atenção para outro desafio: as expectativas de inflação seguem desancoradas no médio e longo prazo, apesar de certa melhora no curto prazo.

“A gente ainda não enxerga, no médio e longo prazo, as expectativas convergindo para a meta, vemos uma alteração nas expectativas de inflação no curto prazo, mas as expectativas continuam desancoradas num patamar bastante incômodo para o BC […] que, talvez, de 2025 para 2026, vão demandar a vigilância do Banco Central.”

Ao final, o presidente do BC refletiu sobre a necessidade de o Brasil encontrar um caminho para manter o dinamismo da economia com taxas de juros mais baixas. Segundo ele, essa é uma das principais questões para a política monetária do país atualmente.

“Como é possível normalizar os canais de transmissão da política monetária e normalizar a política monetária? Como é possível que o Brasil possa viver, ou seja, um paciente que possa ter doses menores do remédio e, com doses menores do remédio, conseguir o mesmo efeito?”, concluiu.



Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.