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Médico pediatra Cláudio Oreste, conselheiro do CRM e membro da Academia Paraíba de Medicina lembra contribuição de Wilson Morais


05/11/2024

Ainda repercute o pronunciamento do médico pediatra Cláudio Oreste que em solenidade de premiação da Medicina destacou fases do cooperativismo médico enfrentadas pelo então presidente da Unimed, Wilson Morais.
“O Legado de um Homem à Frente de Seu Tempo”, segundo o pediatra para acrescentar:

“Fatos ocorridos há 30 anos, dos quais poucos se lembram hoje, tive a oportunidade de testemunhar e ilustram o legado de Wilson Ribeiro de Moraes Filho, um líder visionário cuja atuação marcou profundamente a medicina e os médicos de João Pessoa. Como presidente da Unimed João Pessoa, Wilson deixou um registro incontestável e corajoso de seu papel na história da medicina em nosso estado, digno de um homem à frente de seu tempo. Por isso, é mais do que merecida sua indicação à Medalha Genival Montenegro Guerra.

@⁨Wilson Morais⁩ enfrentou o modelo patronal dos hospitais da época, que restringia a autonomia dos médicos, tornando-os reféns dos serviços hospitalares. Com coragem e visão, promoveu a fidelização ao modelo cooperativo entre os cooperados, enfrentando resistências e desconfianças.

Um aspecto crucial foi o combate à dupla militância, que permitia que médicos cooperados da Unimed também atendessem a outros planos de saúde.

Esse posicionamento fortaleceu temporariamente o sistema cooperativista, embora tenha sido posteriormente substituído pelo princípio da livre concorrência que, em muitos estados fragilizou o modelo cooperativista. Nesta epoca, muitos o ameaçaram, questionaram e até espalharam fake news que o atingiam pessoalmente, mas ele permaneceu firme em sua determinação de construir algo maior.

A criação do hospital da Unimed foi um marco histórico, que não apenas aumentou o número de vidas cobertas pelo plano, mas também trouxe um novo modelo de gestão e estrutura hospitalar.

Esse feito abalou o modelo de gestão familiar então dominante, incentivando a modernização dos hospitais locais e garantindo aos médicos cooperados a tão almejada autonomia, além da oportunidade de trabalhar em um serviço próprio, fortalecendo o espírito cooperativo.

Na época, os donos dos hospitais chegaram a criar um plano de saúde para rivalizar com a Unimed, chamado Hosplan, argumentando que, se a Unimed utilizava a rede hospitalar, eles, como proprietários de hospitais, poderiam fazer o mesmo.

Contudo, esse plano sucumbiu em pouco tempo diante do modelo de gestão superior implantado pela Unimed, que rapidamente se destacou.

O legado de Wilson transcende seu tempo e permanece como um exemplo de liderança visionária, que transformou a realidade médica e hospitalar da região, pavimentando o caminho para o desenvolvimento e a independência profissional dos médicos cooperados.

Hoje, o Hospital Alberto Urquiza Wanderley alcança marcas notáveis, resultado da visão de um homem à frente de seu tempo:

Um Novo Conceito

A construção do Hospital Alberto Urquiza Wanderley representou um marco na saúde da Paraíba, que não contava com um hospital privado desse porte. Com estrutura moderna e equipamentos de ponta, impulsionou a modernização das demais unidades hospitalares e elevou a qualidade assistencial na região.

Com obras iniciadas em 1995, o HAUW foi entregue à população em 7 de abril de 1999, oferecendo a melhor assistência aos paraibanos, com segurança e qualidade, possibilitando a realização de procedimentos complexos, como transplantes.

Nascimento dos Quíntuplos

Em 2003, apenas quatro anos após a inauguração, o nascimento de quíntuplos – um evento raro na medicina mundial – chamou a atenção do Brasil para a Paraíba. Graças à estrutura e à equipe assistencial do HAUW, uma mãe deu à luz cinco bebês saudáveis (quatro meninos e uma menina) em um parto que durou cerca de uma hora e envolveu uma equipe multidisciplinar de 12 profissionais.

Primeiro Transplante de Coração

Em 23 de maio de 2004, foi realizado o primeiro transplante de coração na Paraíba. Antes disso, pacientes precisavam se deslocar para outros estados, longe de suas famílias e em condições de grande desafio logístico.

Primeiro Transplante de Fígado

Em 7 de julho de 2004, menos de dois meses após o transplante de coração, o HAUW realizou o primeiro transplante de fígado da Paraíba. O hospital era um dos poucos no Nordeste com condições para esse procedimento, considerado a maior cirurgia a que um ser humano pode se submeter.

Primeiro Transplante de Rim

Em 12 de março de 2009, o HAUW realizou o primeiro transplante de rim na Paraíba, e, em 1º de outubro do mesmo ano, o primeiro transplante de rim com doador vivo.

Qualidade Internacional

Em 2010, o HAUW tornou-se o primeiro hospital privado da Paraíba a conquistar a Acreditação Nacional da Organização Nacional de Acreditação (ONA). Em 2020, obteve a Acreditação Internacional canadense pela metodologia QMentum, na categoria mais alta – a Diamante.

Em 2023, conquistou a recertificação pelo Quality Global Alliance (QGA), acumulando 11 certificações de qualidade por instituições de referência.

Enfrentamento à Covid-19

No período mais crítico da pandemia de covid-19, o HAUW demonstrou sua importância para a saúde da Paraíba e do Brasil. Estruturou-se para atender casos de covid-19 e ofereceu tratamentos inovadores. De 2020 a 2023, o hospital atendeu 91.411 pessoas com suspeita de covid, com resultados equivalentes ou superiores aos dos melhores hospitais do país.

Primeiro Enxerto Pulmonar

Em 2022, o HAUW realizou o primeiro hemoenxerto pulmonar da Paraíba, beneficiando uma paciente com doença cardíaca congênita.

Recuperação Acelerada de Cirurgias

O HAUW é o único hospital do Nordeste e o segundo do Brasil a adotar protocolos de recuperação acelerada para pacientes submetidos a cirurgias cardíacas muito invasivas, com base no conceito ERAS (“Enhanced Recovery After Surgery”), permitindo alta mais rápida e segura.

Por tudo isso, o reconhecimento com a Comenda Genival Montenegro Guerra é mais do que justo, simbolizando o legado de um médico que tanto fez pela medicina e pelos médicos na Paraíba.

Poderíamos, ainda, mencionar a Medalha Padre Theodor Amstad, pelo seu trabalho revolucionário à frente do cooperativismo de crédito, mas essa será uma oportunidade para outro momento”, concluiu.



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