Política

Marina tem mais força que Campos para quebrar polarização entre PT e PSDB

Eleições 2014


15/08/2014

 Caso seja oficializada como candidata à Presidência depois da morte de Eduardo Campos, a ex-senadora Marina Silva, vice na chapa encabeçada pelo PSB, deve ter mais força que o pernambucano para romper ou enfraquecer a polarização histórica entre o PT e o PSDB nas eleições.

O maior equilíbrio na disputa para o Palácio do Planalto e o fortalecimento da chamada Terceira Via na sucessão presidencial são previstas por especialistas consultados pelo iG. Segundo os cientistas políticos, mesmo ao se colocar como uma alternativa aos candidatos Dilma Rousseff e Aécio Neves, Campos não conseguiu avançar nas pesquisas de intenção de voto. Na pesquisa Ibope da última semana, por exemplo, Campos tinha apenas 9% das intenções de voto, contra 38% de Dilma e 23% de Aécio. No último Datafolha, em julho, o pessebista obteve 8%, contra 20% de Aécio e 36% de Dilma.

"Era algo paradoxal o fato de ele representar uma terceira opção, mas ao mesmo tempo ter um discurso bastante parecido com o de Aécio e ainda ter sido um candidato que pertenceu ao governo Lula [como ministro da Ciência e Tecnologia]", afirma Renato Janine Ribeiro, professor de ética e filosofia da Universidade de São Paulo (USP).

De acordo com Janine Ribeiro, as ideias de Marina "colidem" mais com o programa de Dilma e Aécio, especialmente no tema sobre economia e sustentabilidade. Com isso, Marina pode apresentar-se como uma candidata “de contornos mais nítidos” do que Campos.

Luto: Marina pede respeito e que não se fale em política até enterro de Campos

Para o cientista político Gilberto Palma, diretor do Instituto Ágora em Defesa do Eleitor e da Democracia, a possível candidatura de Marina terá uma característica programática diferente dos demais postulantes à Presidência."A chapa Eduardo e Marina já se apresentou como uma alternativa de rompimento dessa polarização [entre o PT e o PSDB]. Com a tragédia, a tendência é que se fortaleça essa alternativa de ruptura a esse arranjo histórico. Já era perceptível que ela [Marina] trazia a renovação à chapa e não o Campos", afirma Palma.

Cientista político e professor da Universidade de Brasília (UNB), David Fleischer acredita que o "redesenho" da polarização entre o PT e o PSDB tende a se concretizar pelo fato de Marina ser mais conhecida nacionalmente e até internacionalmente que Campos. "Não há dúvidas que Marina vai tirar voto dos dois [Dilma e Aécio]. Mas tudo vai depender da postura dela e se vai assumir um posicionamento mais moderado", pondera Fleischer.

Marina Silva foi candidata do PV à Presidência em 2010, quando obteve cerca de 20 milhões de votos. Seu eleitorado, porém, não havia se transferido para Eduardo Campos.



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