Política
Críticas à cúpula: Marcus Túlio contesta interferência da direção nacional no PT de João Pessoa
05/06/2025

Anderson Costa
O presidente do diretório do Partido dos Trabalhadores de João Pessoa, Marcus Túlio, relatou a insatisfação da militância petista em João Pessoa com o histórico de intervenções da Executiva Nacional da legenda nos direcionamentos políticos da sigla na Capital, que em muitas vezes contrariaram os anseios dos filiados locais. Durante entrevista concedida ao jornalista Anderson Costa, o dirigente local falou sobre a celeuma criada pela direção da presidente Gleisi Hoffmann ao interferir nos rumos adotados em uma série de outras cidades.
“O que o PT nacional fez aqui na Paraíba, fez em muitas outras capitais, houve uma intervenção em Curitiba e a candidatura que foi determinado o apoio pela direção nacional lá ficou em quarto lugar. O que o PT nacional fez nas últimas eleições foi muito sério, inclusive, desrespeitando o próprio regulamento que a nacional aprovou”, afirmou o advogado. Marcus Túlio lembrou que teve conversas com a presidente nacional da sigla, Gleisi Hoffmann, durante o período pré-eleitoral de 2024 e questionou que o cumprimento das regras estabelecidas pelo próprio comando nacional não estaria sendo respeitado.
“O que a gente estava defendendo eram prévias, não estávamos defendendo pré-candidato A ou B”, explicou. Segundo o dirigente partidário. A sua intenção ao defender a realização do processo interno de escolha de um nome era visando a valorização do desejo do filiado e para demonstrar a importância da democracia internamente na legenda. “A direção nacional fez essa opção de dizer que a militância aqui em João Pessoa, que tinha acabado de ir às urnas, que tinha eleito um presidente municipal com 94% de maioria, essa mesma militância não teria autonomia para escolher sua candidatura e aconteceu o que aconteceu”, definiu.
Histórico extenso
Marcus Túlio lembrou o caso de interferência anterior do diretório nacional sobre a realidade partidária em João Pessoa em 2020. O presidente do diretório da Capital revelou que a pré-candidatura do então deputado estadual Anísio Maia à Prefeitura de João Pessoa surgiu para atender uma demanda do comando nacional da sigla para os filiados locais e que depois. Segundo o dirigente, Anísio na ocasião foi o único dos parlamentares da sigla a terem a coragem para atender ao chamamento do comando partidário para haver uma candidatura petista. “Nos cobraram, nos exigiram o lançamento de uma candidatura para dois ou três meses depois fazer um verdadeiro cavalo de pau político”.
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Marcus também lembrou que já desempenhou o papel de assessor jurídico do diretório estadual do PT da Paraíba e já defendeu a liderança estadual de tentativas de intervenção do comando nacional nas decisões estaduais no passado recente. Segundo ele, baseado nos estatutos do PT, seria possível ao diretório nacional alterar a tática eleitoral escolhida pelo diretório local, mas a tática escolhida pelo comando em Brasília era a mesma que a local, por candidatura própria e que a interferência se deu sobre qual seria o nome escolhido para representar a sigla na disputa de 2024, o que feriu o direito de escolha da militância.
Prévias
Marcus Túlio também revelou ter recebido ligações do comando nacional da legenda para que não aprovasse um calendário de prévias na cidade. “Eu aprovei o calendário de prévias, porque se eu não aprovasse o calendário eu ficaria por omisso. Falei com o pessoal de Fortaleza, que tinha acabado de aprovar duas prévias, me mandem aí o calendário de vocês que eu vou fazer igualzinho. O resultado? Calendário de Fortaleza mantido e o de João Pessoa caiu”.
O dirigente pessoense também recordou outros paralelos entre João Pessoa e Fortaleza no tangente à discussão do processo de prévias partidárias. Ele lembrou que na capital cearense, assim como em João Pessoa, uma ex-prefeita da cidade disputava o direito de concorrer novamente à Prefeitura da cidade. Marcus pontuou que lá a candidata liderava pesquisas, mas não foi a escolha da maioria dos filiados e que foi o candidato escolhido pela militância quem venceu as eleições e hoje governa a cidade.
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