Economia & Negócios

Marcondes Brito prevê fim dos veículos impressos e analisa conjuntura da mídia

ENTREVISTA ESPECIAL


10/05/2016



O jornalista e empresário de mídia Marcondes Brito, concedeu entrevista ao jornalista e diretor do Grupo WSCOM, Walter Santos, onde fez ponderações e respondeu questionamentos sobre o futuro da mídia no Basi. Marcondes já foi diretor dos Diários Associados-PB, Diário de Pernambuco e TV Bandeirantes.

Confira a entrevista

WSCOM: Diante de sua reconhecida competência profissional e empresarial, como analisa a conjuntura da Mídia no Brasil?

Marcondes Brito: Vejo com preocupação a acusação de que a mídia se tornou um partido e que passou a atuar no jogo político. É certamente um exagero. A mídia sempre teve muita influência, desde os tempos de Assis Chateaubriand. Não por acaso é reconhecida como o quarto poder. Hoje tentam atribuir a possível queda de Dilma à cobertura da mídia, quando, na verdade, quem está derrubando o governo é o TCU, o Ministério Público e o Congresso, tudo com o aval do Supremo.

WSCOM: Ao que você atribui esse desmonte afetando grandes empresas?

MB: Com exceção, talvez, dos bancos e da indústria farmacêutica, a crise pegou todo mundo no Brasil. O segmento da comunicação, em especial, foi atingido em cheio. O país mergulhou numa crise profunda e as empresas não tem dinheiro para fazer propaganda. Pode parecer uma conclusão simples, mas é exatamente isso.

WSCOM: Na sua opinião, onde a postura do Governo Federal de reduzir a verba publicitária aguçou a crise da Grande Mídia e o Governo Dilma?

MB: Quanto maior o veículo de comunicação, menor a sua dependência de governo. Digo isso com algum conhecimento por ter atuado em centros pequenos, médios e grandes. Portanto, não creio que a redução de verba oficial tenha influído na chamada grande mídia. A crise é de outra natureza.

WSCOM: Com base na sua experiência, as grandes revistas e jornais impressos seguram até quando?

MB: A mídia impressa, infelizmente, está em extinção. Não há quem possa resistir aos custos industriais, o preço do papel, que é cotado em dólar, e os demais insumos. Quem não souber segurar o seu leitor na plataforma digital, não conseguirá sobreviver.

WSCOM: Que Mídia você recomenda?

MB: Sou um internauta convicto. Não sei como conseguimos fazer jornalismo na época do telex, do fax e da máquina de escrever. O futuro é a mídia digital. E ponto final.

WSCOM: Qual o futuro do Jornalismo?

MB: Quem melhor definiu o jornalismo foi o escritor Gabriel Garcia Márquez. Isso vale para o jornalismo de ontem, de hoje e de sempre. Ele disse: “O jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e humanizar mediante a confrontação descarnada com a realidade. Quem não sofreu essa servidão que se alimenta dos imprevistos da vida, não pode imaginá-la. Quem não viveu a palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo do furo, a demolição moral do fracasso, não pode sequer conceber o que são. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderia persistir numa profissão tão incompreensível e voraz, cuja obra termina depois de cada notícia, como se fora para sempre, mas que não concede um instante de paz enquanto não torna a começar com mais ardor do que nunca no minuto seguinte".

WSCOMComo as Redes Sociais tiraram o poder da informação exclusiva?

MB: As redes sociais obrigam a imprensa a se reinventar. Alguém já disse que a internet é uma espécie de ‘coveira' e de ‘parteira' de um novo jornalismo. Ou seja, o jornalismo não está acabando, mas sofrendo profunda mutação, com enormes vantagens, principalmente para o público consumidor.
 

WSCOM: Que faz Marcondes Brito depois de sair da BAND?

MB: Ativei a minha empresa, a MBB Soluções & Mídia, com sede na av. Faria Lima, em São Paulo, e estabeleci uma parceria com o Vox Populi para um grande projeto de âmbito nacional nestas eleições de outubro.

WSCOM: De longe, como vê a Mídia da Paraíba, o portal WSCOM, Revista NORDESTE?

MB: Estive recentemente em João Pessoa e pude ver que surgiram dezenas de portais de internet, mas o WSCOM, por ser pioneiro, continua entre aqueles de maior credibilidade no Estado. Quanto à revista, sempre admirei o empreendedorismo do jornalista Walter Santos. É um ato de coragem manter uma publicação desse porte, em meio a todas as dificuldades que a mídia impressa está enfrentando, inclusive nos grandes centros. Mas o fato é que a revista Nordeste hoje é uma referência na região.
 



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