Política

Lula entra com petição na ONU contra abuso de poder de Sérgio Moro

OPERAÇÃO LAVA JATO


28/07/2016

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recorreu à ONU (Organizações das Nações Unidas) alegando violação dos direitos humanos por parte da Operação Lava Jato, que o tem como um dos alvos. Lula entrou em contato, segundo informações do jornal The Telegraph, com o advogado Geoffrey Robertson. Ele é especialista em direitos humanos e conhecido pelas defesas de Julian Assange, fundador do Wikileaks, o ex-boxeador Mike Tyson e o autor indiano Salman Rushdie. O jornal também afirma que o ex-presidente tem chance de ir à prisão e ofuscar os Jogos Olímpicos deste ano. 

O advogado alega abuso de poder pelo juiz federal Sergio Moro, que é responsável pelas investigações na Operação Lava Jato. Robertson destaca que os telefones do ex-presidente, os de sua família e de advogados foram grampeados. "As transcrições, bem como o áudio das conversas, estão sendo liberados para uma imprensa hostil. O juiz está invadindo sua privacidade e pode prendê-lo a qualquer momento e, em seguida, pode ser julgado sem um júri", disse ele.

Segundo o advogado, na Inglaterra, "nenhum magistrado poderia agir dessa maneira. O juiz ainda tem o poder de deter os suspeitos infindamente na prisão até que confessem. Há uma barganha. Este sistema viola os direitos humanos fundamentais e já foi condenado por órgãos da ONU".

De acordo com Robertson, o caso vai expor o problema da prisão preventiva e das condenações "injustas" no Brasil, que são feitas baseadas em confissões de suspeitos que só querem sair da prisão. Para ele, as investigações são essencialmente importantes para o combate à corrupção, apenas se ocorrer de forma justa. O Telegraph ressalta que Lula, que presidiu o Brasil entre 2003 e 2010, foi alvo de condução coercitiva em março de 2016, na fase Aletheia da Lava Jato.

Cabe lembrar que, na semana passada, o Ministério Público Federal do Distrito Federal apresentou à Justiça de Brasília denúncia contra Lula, o ex-senador Delcídio do Amaral, o pecuarista José Carlos Costa Bumlai, André Esteves (ex-controlador do banco BTG Pactual) e mais 3 pessoas. Eles são acusados de agirem irregularmente para atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato.

Os demais acusados são: Diogo Ferreira Rodriguez (ex-chefe de gabinete de Delcídio), Edson Siqueira Ribeiro Filho (ex-advogado de Nestor Cerveró) e Maurício Barros Bumlai (filho de José Carlos Bumlai). O caso já havia sido denunciado pelo Procurador Geral da República (PGR), Rodrigo Janot, em dezembro do ano passado, mas, em decorrência da perda de foro privilegiado de Delcídio do Amaral, e também pelo fato de o crime ter ocorrido em Brasília, a denúncia foi enviada à Justiça Federal do DF.



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