Política
Lula é homenageado pela Academia Francesa e defende democracia, em Paris: “Reconhecimento”
05/06/2025

Luiz Inácio Lula da Silva na Academia Francesa (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Portal WSCOM
Durante sua visita oficial à França, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi homenageado nesta quinta-feira (5) pela Academia Francesa, em uma cerimônia simbólica que celebrou a ligação cultural entre Brasil e França. Lula se tornou apenas o segundo brasileiro a receber a honraria em quase quatro séculos de existência da instituição — o primeiro foi Dom Pedro II, em 1872.
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“Considero essa deferência um reconhecimento ao Brasil e ao povo brasileiro, que recebemos com muita gratidão e orgulho”, afirmou Lula, ao comentar a homenagem em suas redes sociais.
A cerimônia foi marcada por uma sessão solene em que os “imortais” da Academia refletiram sobre o conceito de “multilateralismo”, em alusão à atuação internacional do presidente brasileiro. A homenagem reforça não apenas o prestígio de Lula na cena diplomática, mas também a aposta francesa na reaproximação com o Brasil. A Academia destacou ainda a inspiração que a Academia Brasileira de Letras (ABL) teve em seus moldes institucionais — ambas compostas por 40 membros e com o lema “À imortalidade”.
A visita também antecipa um possível encontro oficial entre as duas academias até 2026, sinalizando o aprofundamento das relações culturais bilaterais.
Lula critica parlamentarismo e alerta para avanço da extrema direita
Durante encontro com a comunidade brasileira em Paris, Lula aproveitou o momento para reafirmar seu compromisso com o presidencialismo e a democracia direta.
“Jamais seria escolhido primeiro-ministro dentro do Congresso Nacional. A única chance que eu tenho é exatamente o povo votar”, disse o presidente, em crítica velada a propostas de transição para o parlamentarismo no Brasil.
O presidente também fez um alerta contra o crescimento da extrema direita no mundo, citando discursos negacionistas e antimigratórios na Europa. “São fascistas, nazistas, que negam as instituições democráticas e querem destruir conquistas civilizatórias”, afirmou, lembrando ainda a derrota da esquerda em Portugal como exemplo do avanço conservador.
Agenda cheia em Paris: doutorado honoris causa e jantar no Eliseu
A programação de Lula na França inclui ainda a entrega do título de doutor honoris causa pela Universidade Paris 8, a inauguração de exposições de arte brasileira no Grand Palais e um jantar oficial oferecido pelo presidente francês Emmanuel Macron. Nesta quinta, Lula também participou da inauguração de uma placa comemorativa na floresta urbana em frente à Prefeitura de Paris, ao lado da prefeita Anne Hidalgo.
Outro ponto alto será o reconhecimento oficial, por parte da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), do Brasil como território livre de febre aftosa sem vacinação — conquista que abre portas para novos mercados de exportação da carne brasileira.
Lula: “Até o final do meu mandato, ninguém estará passando fome”
Em seu discurso, o presidente reafirmou o combate à fome como missão pessoal e disse que já retirou 24 milhões de brasileiros da insegurança alimentar desde 2023. “Até o final do meu mandato, não teremos ninguém passando fome”, prometeu.
Lula também condenou o negacionismo científico e voltou a responsabilizar Jair Bolsonaro pelas mortes durante a pandemia de Covid-19. “Ele será julgado como criminoso”, disse, ao criticar o uso de medicamentos ineficazes e o boicote às vacinas.
“O ser humano destrói o próprio leito onde dorme”
Encerrando seu discurso, Lula fez um apelo global por menos gastos com armamentos e mais atenção à crise climática. “O ser humano é o único animal que destrói o próprio leito onde dorme”, afirmou, em tom de preocupação com o futuro do planeta.
A visita do presidente a Paris reforça sua estratégia de recolocar o Brasil como ator ativo no cenário internacional, pautando temas como democracia, desigualdade social, segurança alimentar e sustentabilidade.
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