Durante coletiva de imprensa concedida em Pequim, nesta quarta-feira (14), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu às notícias veiculadas pela GloboNews sobre um suposto desconforto diplomático gerado pela primeira-dama, Janja da Silva, ao mencionar o TikTok em jantar com o presidente da China, Xi Jinping. Segundo Lula, a abordagem sobre o tema partiu dele próprio, e a fala de Janja se deu após ela pedir a palavra, relata o jornal O Globo.

A matéria da GloboNews relatava que a participação da primeira-dama teria causado mal-estar entre os presentes, mas Lula foi taxativo ao rebater a versão divulgada. “Fui eu que fiz a pergunta. Eu perguntei ao companheiro Xi Jinping se era possível ele enviar para o Brasil uma pessoa da confiança dele para a gente discutir a questão digital, e sobretudo o TikTok. E aí a Janja pediu a palavra para explicar o que está acontecendo no Brasil, sobretudo contra as mulheres e contra as crianças”, afirmou o presidente.

O TikTok, de propriedade da empresa chinesa ByteDance, tem sido alvo de debates internacionais envolvendo privacidade, segurança de dados e desafios virais com consequências graves, como no recente caso de uma menina de oito anos que morreu no Distrito Federal ao inalar desodorante, supostamente após assistir a um desafio na plataforma. No mês passado, Janja já havia se manifestado a favor da regulamentação das redes sociais, com foco especial na proteção de crianças e adolescentes.

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Lula negou qualquer desconforto com a participação de sua esposa no jantar com o líder chinês e fez questão de defender seu protagonismo no debate sobre o ambiente digital. “A pergunta foi minha. Eu não me senti nem um pouco incomodado. O fato de a minha mulher pedir a palavra é porque a minha mulher não é uma cidadã de segunda classe. Ela entende mais de redes digitais do que eu”, declarou.

O presidente também criticou o vazamento de informações do encontro reservado com Xi Jinping, que contou apenas com a presença de ministros e parlamentares. “Alguém teve a pachorra de revelar o que aconteceu num encontro confidencial”, disse Lula, visivelmente irritado. Ele ainda ironizou: “eu vi na matéria que um ministro estava incomodado. Se um ministro estivesse incomodado, ele deveria ter me procurado e pedido para sair. Eu autorizaria ele a sair de lá”.

Segundo Lula, Xi Jinping respondeu de forma serena, reconhecendo que o Brasil tem autonomia para regular plataformas digitais ou mesmo banir a rede social, se assim considerar necessário. A resposta do presidente chinês, de acordo com Lula, apenas reforçou a soberania do país sobre suas decisões regulatórias no ambiente digital.