Política

Luiz Couto espera cassação de Eduardo Cunha e o classifica como descarado

"DESCARADO"


08/07/2016

O deputado federal paraibano Luiz Couto (PT-PB) classificou Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que renunciou nesta quinta-feira, 7, à presidência da Câmara, como "um descarado e chantagista". O deputado paraibano acrescentou que Cunha que usou da vingança para cassar o mandato da presidenta Dilma Rousseff (PT) e passou a se fazer de vítima no momento em que, encurralado, abdicou do cargo de chefe do legislativo federal para tentar salvar o mandato. "Vamos cassá-lo, através da decisão do Conselho de Ética, e vamos trazê-la aqui para cassá-lo. Essa excrescência não pode continuar nesta Casa".

Em seguida, Couto ainda falou mais de Cunha ao apresentar, em seu pronunciamento, três pontos primordiais que desmistificam o processo de impeachment que afastou a presidenta eleita democraticamente, Dilma Rousseff.

"Em primeiro lugar, quem presidiu o processo na Câmara dos Deputados era absolutamente suspeito para essa condução, pois se beneficiaria enormemente com o afastamento da presidenta. Eduardo Cunha chantageou políticos para que o acompanhassem na tarefa de derrubar a chefe do Executivo, coagindo ainda pessoas que poderiam ter influência sobre os deputados, como testemunhas de outros processos e empresários, a fim de que operações da Polícia Federal e o processo contra si no Conselho de Ética pudessem ser barrados. Cunha teve seu mandato suspenso pelo Supremo Tribunal Federal (AC 4070) em função de atitudes idênticas, numa decisão colegiada sem precedentes, tomada em função de suas extremas gravidades", citou o deputado federal paraibano.

Em segundo lugar, durante a votação do impeachment na Câmara Federal, houve o encaminhamento das bancadas, o que contraria frontalmente o Art. 23 da Lei 1.079/1950, que regula o processo de impeachment, bem como que contraria a jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos.

Em terceiro lugar, prosseguiu Couto, "está cada vez mais demonstrado um conluio entre setores políticos e empresariais investigados pela Operação Lava Jato para que, através da derrubada da Presidenta, pudessem parar as investigações, como comprova o áudio da conversa entre o Senador Romero Jucá, ex-ministro interino da administração de Michel Temer, e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, bem como os áudios dos diálogos entre Sérgio Machado e Renan Calheiros e José Sarney, todas já homologadas pelo Ministro Teori Zavascki".

Finalmente, o deputado petista lembrou que 16 investigados na Lava Jato votaram pela admissão do processo de Impeachment e apenas 4 foram contra. Ao todo, 62 deputados receberam doações diretas de empresas investigadas na Lava Jato, sendo que 46 votaram a favor da admissão do processo contra Dilma Rousseff. Cunha, novamente, insere-se nesse contexto.

"Este processo é eivado de irregularidades e formado por uma articulação criminosa que visou fraudar a dinâmica democrática através de argumentos porosos, criando um processo aparentemente legal em que chantagens dão a tônica. Isso anula, do ponto vista jurídico, qualquer julgamento. A continuação deste processo de impeachment é considerado por muitos uma anomalia jurídica e política.

A crise deste Congresso tem como base na esquizofrenia de dois hipócritas e fariseus. Estes atores políticos e econômicos escusos corromperam o devido processo legal e o processo político com o intuito de se retirar um governo eleito democraticamente. Portanto, trata-se, sim, de um golpe de estado", completou Luiz Couto.
 



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