O deputado federal Luiz Couto (PT-PB), em pronuncionamento na Câmara dos deputados, se posicionou em defesa do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) e contra o pedido de impeachment acolhido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na semana que passou. Na análise de Luiz Couto, os atos contra o mandato de Dilma são fruto da articulação do candidato derrotado nas eleições do ano passado, Aécio Neves (PSDB-MG).

"Esta crise que enfrentamos tem vários ingredientes, mas um deles se relaciona com o caráter do candidato derrotado no segundo turno da última eleição presidencial: Aécio Neves é um mau perdedor. Ao não aceitar o resultado soberano das urnas, Aécio Neves revelou uma pessoa despreparada para o jogo democrático das eleições.

Aécio Neves é autoritário. Nem as derrotas eleitorais no seu estado natal, Minas Gerais, no primeiro e segundo turnos, foram suficientes para dar-lhe temperança. Desassossegado, Aécio passou a inflamar as forças antidemocráticas do país. Ele passou a comandar as forças golpistas numa clara afronta à vitória legítima de Dilma Rousseff", disse Luiz.

O parlamentar do PT enxerga no tucano "uma infernal frustração" que deu lugar a um trauma e a uma obsessiva perseguição contra a candidata eleita. Couto lembrou que Aécio questionou a lisura das urnas eletrônicas, mas só no que dizia respeito ao resultado da eleição nacional. Em São Paulo e no Paraná, por exemplo, onde o PSDB reelegeu governadores, ele não teve nada a reclamar.

"Como presidente do PSDB, Aécio Neves liderou deputados do seu partido para que questionassem no Tribunal Superior Eleitoral contra a prestação de contas da Campanha de Dilma Rousseff. Insatisfeito, pegou carona nas manifestações conservadoras, para conclamar à população a defender o impedimento da presidenta eleita democraticamente.

A justificativa deslavada era a baixa popularidade do governo federal. Mas, tal argumento só vale contra a presidenta que lhe derrotou, não vale contra o governo Richa no Paraná", disse Couto, apontando a contradição do candidato do PSDB.

Para Luiz Couto a tese das "pedaladas fiscais" é um vale-tudo para tentar derrubar a candidata eleita. "Aécio Neves uniu a sua frustração à frustração não confessada de Hélio Bicudo e ao rancor de Miguel Reale para dar sustentação à proposta de um golpe parlamentar. A derrota cegou o derrotado ao ponto dele se aliar a um chantagista e respectivos asseclas na acolhida ao descabido propósito de impeachment. Age como um aventureiro numa república de bananas", comentou.

O deputado petista foi contundente ao dizer que Aécio Neves agiu como machista, autoritário e destemperado na campanha, mostrando-se um golpista arcaico que abre as tumbas onde jaziam os fantasmas da UDN tantas vezes derrotada nas urnas. "O caráter de Aécio Neves, que não tem humildade diante da derrota eleitoral, alimenta a crise política e dá combustível àinsanidade das forças golpistas, que nunca se convenceram de que o resultado das eleições democráticas é para ser reconhecido pelos derrotados.

A derrota eleitoral pode ser frustrante, mas o candidato que se preza e preza a adversária deve ter grandeza. Porque só é grande na luta e na derrota quem respeita o adversário. Quem na derrota é mau perdedor, na vitória não háde ser um bom vencedor. Quem não sabe perder, não sabe vencer. Aécio Neves e seu trauma. Um caso para a psicanálise. Eis um dos nomes da crise", encerrou Luiz Couto.