Economia
Localização privilegiada e grandes distribuidoras fortalecem atacado na Paraíba, diz economista
Setor registra alta de 14,1% nas vagas em um ano, movimenta R$ 32,1 bi e se consolida como motor da economia estadual.
13/08/2025

Foto: Reprodução
Lara Ribeiro
O setor atacadista tem se consolidado como um dos principais no comércio da Paraíba, registrando avanços expressivos na última década, especialmente após a pandemia. De acordo com a Pesquisa Anual de Comércio (PAC) 2023, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas ocupadas no atacado no estado chegou a 24.228, um crescimento de 21,7% em relação a 2014 e de 32,2% no que se refere a 2019, período pré-pandemia.
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O salto mais recente foi entre 2022 e 2023, quando o segmento gerou quase 3 mil novas vagas, alta de 14,1%, mais que o dobro da média nacional (5,8%). Com isso, o atacado passou a representar 18,8% de todos os empregos do comércio paraibano.
Além da expansão no emprego, o setor também ganhou relevância econômica. Em 2023, respondeu por 23,9% de toda a massa salarial do comércio estadual, movimentando R$ 782,2 milhões, a maior participação em dez anos. O salário médio pago, de 1,9 salário mínimo, foi o mais alto entre os segmentos do comércio.
O crescimento também se reflete no número de empresas. A Paraíba contava com 2.163 unidades atacadistas em 2023, 22,5% a mais que em 2014. No mesmo período, o atacado ampliou sua participação na receita bruta do comércio estadual de 36,8% para 40,4%, alcançando R$ 32,1 bilhões.
De acordo com o economista e consultor empresarial, Francisco José, o avanço do atacado na Paraíba está ligado a um conjunto de fatores estruturais, como o crescimento populacional. Segundo ele, João Pessoa ganhou 115 mil novos moradores desde o último censo, quase o dobro da média nordestina. Além disso, a expansão da construção civil e o equilíbrio fiscal do estado foram fatores que influenciaram o crescimento do setor.
“A posição estratégica da Paraíba no Nordeste, entre dois blocos de estados, e a chegada de grandes centros de distribuição, como o do Magalu, fortalecem o comércio atacadista. O aumento real do salário mínimo também tem impacto positivo, pois eleva o poder de compra nas regiões de menor renda, como o Nordeste”, explica.
Francisco lembra ainda que o atacado não só abastece o mercado interno, como também vende para outros estados, beneficiando a indústria e a agricultura locais. “O setor pode até gerar concorrência para algumas indústrias locais, mas o saldo é amplamente positivo para a economia”, avalia.
Para o economista e cientista de dados para negócios, Renato Silva, além dos fatores estruturais, o crescimento do setor de atacado na Paraíba advém também do papel decisivo dos investimentos em logística, como as melhorias nas rodovias e o uso estratégico do Porto de Cabedelo. O qual bateu recorde de movimentação em março de 2025 e ultrapassou 1,2 milhão de toneladas movimentadas em 2023.
Outro diferencial apontado por Renato é a transformação no formato de vendas, com a expansão dos atacarejos, o fortalecimento do e-commerce e a diversificação do perfil de clientes, o que amplia o alcance do setor. Ele também chama atenção para o crescimento demográfico na Região Metropolitana de João Pessoa, que já supera 1,38 milhão de habitantes, criando uma base sólida de consumidores.
“O desempenho recente pode se manter se houver estabilidade macroeconômica, investimentos contínuos em tecnologia e logística, manutenção de preços previsíveis e crescimento populacional. A abertura de novas unidades atacadistas resulta tanto de formalização de negócios quanto de investimentos efetivos em centros de distribuição e capacidade de estoque”, afirma.
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