Geral

Linda & Paul McCartney: Meninas Eu Vi!


17/04/2012

 (crônica escrita por ocasião da morte de Linda McCartney, em 1998, e atualizada)

Quando vi na TV a notícia da morte de Linda McCartney, ela aparecia cavalgando com Paul ao som de uma de suas belíssimas canções. Lembrei-me de um dia, na primavera de 1987, na cidade de Bath, Inglaterra,. Fui conhecer essa cidade linda e famosa pelas suas termas e arquitetura romana, quando li no jornal que Linda McCartney estava fazendo uma exposição do fotografias no dia seguinte. Aventurei-me a ir até a galeria, para dar uma espiada de véspera….

Chegando lá, avistei uma limusine hollywoodiana preta, estacionada na porta, com uns dois guardas britânicos e meia dúzias de fãs com flores, na calçada. De pronto não entendi o que se passava. Quando me aproximei, o que vejo: Linda e Paul McCartney, saindo da galeria, cumprimentado as pessoas e convidando-as para entrar e dar a tal olhadinha de véspera. Fiquei em choque, em transe, em pânico! Estava eu ali, em frente a um Beatle! Não era o meu Beatle preferido, os meus eram John – Imagine e George – My Sweet Lord, mas ficar diante dele me dizendo Hello, fiquei boba e deslumbrada diante de um ídolo, daquele que achamos distante e inatingível. Com minhas pernas bambas, ainda fui capaz de dizer hello, tirar uma foto tremida (na minha Cannon automática!) e dar pulinhos histéricos de felicidade pela oportunidade de me ver frente a frente, não com uma celebridade qualquer, mas com toda uma experiência de fã desse que representava um grupo de cabeludos que alucinaria toda a minha adolescência, cantando Help e A Hard Day´s Night no Cine Municipal; ou Let it Be a vida toda.

Passado o susto, entrei na galeria e tive o privilégio de explorar foto por foto de Linda McCartney e seu grande e precioso acervo dos Beatles, dos bastidores dos shows, dos quatro com suas guitarras que gentilmente choraram por todos nós. Fiquei maravilhada com o que vi e principalmente com a coincidência de topar assim ao léu, com Linda e Paul McCartney, tão banais e tão comuns, numa linda tarde primaveril. A felicidade até existe, pensei…
Ao ouvir o anúncio da morte de Linda, de câncer de mama, chorei por ela, por mim e por todas as mulheres que vivem com esse medo constante e aterrorizador de nos deparar com um caroçinho no meio do caminho. No meu pensamento, surgiram nomes como Ana Laura Caldas e Eliane Babá, e tantas outras amigas, umas mais próximas, outras nem tanto, mas mulheres da minha geração e que se foram tão jovens. Com elas, com certeza também vai um pouco de quem fica e temos a nítida consciência de que as notícias de morte não estão somente no Jornal Nacional. A morte anunciada chegou no quintal de casa. E a música Tomorrow, do Wings, que me apontava um futuro tão distante, hoje vejo que foi ontem!

Em Tempo: Hoje, estou a ouvir My Valentine, música do mais recente cd de Paul, numa homenagem belíssima aos seus pais, e me preparando para a maratona do próximo sábado, quando finalmente, poderei cantar todas as músicas que me embalaram os sonhos dos anos 60, 70, 80 e continuam… Se encontrarem nos gramados do Arruda, Recife, com uma fã , um tanto assim, animada….não estranhem, pois estarei rouca de cantar Olê Olá, de um Chico Buarque na véspera, e num outro êxtase tardio em Bands on the Run!

Ana Adelaide Peixoto – Essa crônica foi escrita e publicada há nos no Correio da Paraíba. E foi atualizada para 17/04/2012



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