Celebridades

Lima Duarte: ‘O cinema como casa acabou. Agora vai ser tudo por streaming’

Convidado do 'Conversa' de quinta, 21/5, o ator de 90 anos falou sobre o presente e o passado da profissão, dedicou mensagem para Regina Duarte e fez Bial se emocionar


22/05/2020

Lima Duarte fala sobre carreira — Foto: Reprodução/TV Globo

Gshow

Responsável por personagens emblemáticos como Sinhozinho Malta (“Roque Santeiro”, 1985), Sassá Mutema (”O Salvador da Pátria”, 1989) e, mais recentemente, Josafá (”O Outro Lado do Paraíso”, 2017), o ator Lima Duarte entra na casa dos brasileiros desde o primeiro dia da televisão no país, há 70 anos. Em 18 de setembro de 1950, o convidado do Conversa com Bial de quinta-feira (21/5) participou da primeira transmissão da TV Tupi, canal 3 de São Paulo, emissora pioneira na América Latina, fundada por Assis Chateaubriand.

Contador de histórias irresistível, na definição do apresentador, Lima Duarte também falou sobre a saída de Regina Duarte da Secretaria da Cultura. Na entrevista, dedicou mensagem à ex-secretária de Cultura – a gravação foi realizada em 20/5, dia em que o afastamento de Regina do governo foi anunciado.

“Eu acho que ela caiu quando entrou.”

Lima Duarte falou ainda sobre sua quarentena e sobre o dia em que foi levado para depor num órgão de repressão da ditadura nos anos 1960. Ele emocionou Pedro Bial ao dividir com ele uma citação de Guimarães Rosa, autor preferido de ambos. “Eu quase que não sei nada. Mas desconfio de muita coisa”, lembrou, em referência a Guimarães. Em seguida, ao comentar o cenário político brasileiro, Lima Duarte emocionou Bial, que chegou a chorar.

Sobre Chatô:

“Chatô era indianista, então fez uma festa na taba, que era a inauguração da TV. Daquela festa na taba, só tem eu vivo”.

De suas casas, ele e Bial tiveram uma conversa cheia de boas histórias, que não tratou só do passado, mas também do futuro da profissão que o consagrou. Para ele, o cinema passará a exigir um outro tipo de atuação.

“Streaming exige um outro ator. É muito coloquial, muito cotidiano. Você vê os filmes até transando, dá uma espiadinha na série.”

“O cinema como casa acabou. Agora vai ser tudo por streaming.”

Sobre essa nova forma de interpretar, ele resgata Bertolt Brecht e o conceito de “realismo crítico”, em que o ator é também autor: interpreta e critica seu personagem.

“É muito difícil, mas é uma delícia de fazer. Com Shakespeare não dá pra fazer, mas com Moliére até pode.”

Ele cita Sinhozinho Malta como um exemplo de personagem que entra despretensiosamente na casa das pessoas. No programa, Bial resgatou duas cenas do ícone de “Roque Santeiro” em suas versões de 1975, censurada, e a de 1985.



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