Saúde

Lente evita transplante de córnea

Visão


02/04/2014

O transplante de córnea está em queda no Brasil. Relatórios da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos) mostram que em 2013 o número de procedimentos foi 11,8% menor que em 2012. Caiu de 15.281 para 13.744 transplantes. A boa notícia é que o levantamento do Ministério da Saúde mostra que a fila de espera também diminuiu. No Distrito Federal, estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Pernambuco a fila zerou simultaneamente pela primeira vez.

Segundo o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, esta redução vem sendo alavancada por terapias cada vez mais avançadas. “Este é o caso da lente escleral que pode evitar não só o transplante como o implante de anel corneano. Hoje é alternativa menos invasiva para quem não consegue boa correção visual com óculos ou lente de contato convencional”, afirma.

Ele conta que foi a melhor alternativa que encontrou para vários pacientes. “Usando lente escleral já evitei o transplante de uma adolescente com ceratocone avançado”, avançado. Em outro paciente que tinha uma cicatriz na córnea a correção visual com a lente escleral foi muito superior ao que vinha experimentando, conta.

Indicações

O problema é mais corriqueiro do que se possa imaginar O médico diz que os portadores de ceratocone em estágio intermediário ou avançado formam o principal grupo de risco. A estimativa do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) é de que no país cerca de 200 mil pessoas tenham ceratocone. Queiroz Neto explica que a doença afina e deforma a córnea, distorcendo a visão de perto e longe. Responde por 7 em cada 10 transplantes no Brasil. “Geralmente surge na adolescência e é mais frequente entre alérgicos por causa do hábito de coçar os olhos”, ressalta.

Outras indicações da lente escleral elencadas pelo médico são:

· Cicatrizes na córnea durante a prática de esportes ou em acidentes.

· Após a cura de úlcera ou processos infecciosos menores da córnea

· Para melhorar o conforto de pessoas que trabalham em ambientes refrigerados.

· Para corrigir astigmatismo irregular após cirurgia refrativa.

· Após transplante de córnea

· Portadores de síndrome de Stevens-Johnson ou outras doenças que causem olho seco severo.

Como funciona

Queiroz Neto explica que a lente escleral tem de 12,5 mm a 25 mm de diâmetro enquanto as convencionais são menores do que a córnea que mede entre 8 mm e 8,5 mm. Significa que mesmo a menor lente escleral tem mais estabilidade no olho e por isso é menos propensa a desalojar. Por isso, é mais confortável e garante melhor correção visual. O maior diferencial, entretanto é a personalização do lente. “Pela tomografia corneana é possível desenvolver uma lente que funcione como a impressão digital da córnea”, afirma.

Colocação e manutenção


Por causa do diâmetro maior, o especialista diz que a face posterior recebe deve receber uma solução salina indicada pelo oftalmologista antes da lente ser colocada nos olhos. Este solução não pode ter conservante para evitar o desenvolvimento de uma conjuntivite tóxica. Todos os demais cuidados de manutenção são iguais aos da lente convencional.

As recomendações do médico para garantir a saúde dos olhos são:

– Fazer a adaptação com um oftalmologista.
– Interromper o uso a qualquer desconforto ocular e passar por consulta médica.
– Lavar cuidadosamente as mãos antes de manipular as lentes.
– Utilizar soluções limpadoras na higiene e enxágüe das lentes e estojo
– Friccionar as lentes para eliminar completamente os depósitos
– Não usar soro fisiológico de frascos guardados na geladeira ou água na higienização
– Retirar as lentes antes de remover a maquiagem e quando usar spray no cabelo
– Colocar as lentes sempre antes da maquiagem
– Guardar o estojo em ambiente seco e limpo
– Trocar o estojo a cada quatro meses
– Respeitar o prazo de validade das lentes
– Jamais dormir com lentes, mesmo as liberadas para uso noturno.
– Retirar as lentes durante viagens aéreas por mais de três horas
– Não entrar no mar ou piscina usando lentes.



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