Futebol

Lateral Baiano, ex-Santos e Seleção, revela que já tentou sucídio

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22/01/2014

Vida pobre como um camelô que vendia meias, cuecas, laranja e capim e tentava se virar com bicos até se tornar um jogador profissional. Até aí, a história não tem nada de diferente das de vários outros atletas do Brasil que passaram dificuldades antes de ser tornar estrela. Mas a do lateral Baiano, hoje com 35 anos e no Brasiliense-DF, tem uma boa dose de drama.

O ex-jogador da seleção brasileira, Palmeiras e Santos, entre outros, chegou a pensar em se matar mediante a penúria financeira que vivia antes de engatar de vez, no início da década de 90, quando estava nas categorias de base do clube da Baixada.

A pobreza, em si, era combatida com muito esforço. Mas a morte do pai e da mãe em menos de três meses e um despejo o fizeram perder a cabeça de vez e ter fortes momentos de desespero. Decidiu se jogar na frente de um ônibus, mas o plano falhou.

"Eles eram separados desde os meus sete anos. Aí, em 95, perdi meu pai e depois a minha mãe. Me joguei na frente de um ônibus e tentei suicídio. Foi na época que eu estava como juvenil do Santos. Acabei sendo até despejado de onde eu morava. Foi um baque muito grande, eu era o caçula de seis irmãos e foi muito duro pra mim", recordou.

A pane psicológica veio no momento conjunto: no mesmo tempo que os pais morreram, os irmãos não conseguiam arcar com uma dívida de três meses de aluguel de um cortiço em Santos, onde moravam. O dinheiro, segundo Baiano, teve que ser usado no período em que a mãe estava doente. Não aguentou ao ser despejado.

"Eu vi as minhas mercadorias de camelô, como alho, cuecas e meias; todos jogados pela rua. Junto com minhas bermudas, calças, kichute e um chinelo. Aí bateu um desespero. E como eu era moleque, senti minha vida indo embora junto com a minha mãe, entendeu?", falou Baiano.

"O proprietário tinha razão. A gente não estava pagando e nós tínhamos que ser despejados mesmo. Perdi a estrutura familiar. E a ideia de se jogar na frente do ônibus foi a primeira coisa que veio à minha cabeça. Aí me joguei, caí de barriga e me machuquei. O motorista do ônibus brecou, mas ainda assim me choquei. Só que cortei a cabeça, quebrei um dente e quebrei o cotovelo. Aí quando saí do ônibus, vi as pessoas correndo. Fiquei um mês cuspindo sangue, e hoje graças a Deus eu fiquei vivo", explicou.

Depois do plano mal sucedido, Baiano diz que conversou com os irmãos, tentou pôr a cabeça no lugar e foi até a praia vender alguns alimentos. Até que com a ajuda dos ex-jogadores Coutinho e Manoel Maria, passou a morar em um alojamento na Vila Belmiro e as coisas melhoraram. No ano seguinte, em 1996, foi chamado pelo então técnico Candinho para integrar o elenco profissional.

"Eles sabiam de tudo o que eu estava passando e conseguiram um alojamento pra mim na Vila Belmiro. Fui morar debaixo da arquibancada. Depois, o Candinho me viu jogar e gostou de mim. Depois disso me firmei no futebol. Hoje sou um pai de família, tenho três filhos e graças a Deus tenho uma vida estabilizada. Meus irmãos vivem em santos e estão bem", falou.

Baiano foi um dos destaques do Palmeiras na Série B do Brasileiro em 2003. Antes, havia vencido o Torneio Rio-São Paulo de 1997 e a Copa Conmebol de 1998 com o Santos. Seus bons jogos o levaram a disputar os Jogos Olímpicos de 2000, em Sydney, com a seleção brasileira.

A seleção naufragou e foi eliminada por Camarões, nas quartas de final, ao ser derrotada na prorrogação quando tinha dois jogadores a mais em campo. Baiano diz que a falta de foco do time depois de vencer o Pré-Olímpico no Brasil atrapalhou depois na Olimpíada.

"Nós não corríamos como no Pré-Olímpico. A imaturidade prevaleceu, e o ego também. Porque as conversas eram outras. Um falava que andava de Ferrari na Itália, outro dizia que na Espanha fazia outra coisa. As conversas não eram mais as mesmas. Isso eu posso falar: o Brasil perdeu pra ele mesmo aquela Olimpíada."

O veterano jogador renovou contrato com o Brasiliense até o final deste ano e diz que ainda não sabe quando vai voltar a jogar, mas tem uma leve ideia. "Fomos campeões ano passado; foi um ano maravilhoso pra mim. Vamos ver até onde o meu corpo aguenta jogar. Ano passado fui quem mais jogou no campeonato local e atuei todos os jogos 90 minutos. Ainda me sinto muito feliz. Pretendo jogar até os 38 anos, mas se sentir que tenho que parar após o final desse ano, estarei preparado."

Ele diz ter um plano para encerrar a carreira, apesar de admitir a dificuldade para concretizá-lo. "Tenho um sonho, que é muito difícil, que é o de encerrar a carreira no Santos, cidade em que vivo há mais de 25 anos. Mas vou vivendo a cada momento. Santos e Palmeiras são os dois clubes pelo qual tenho carinho imenso. Se Deus me permitir encerrar lá, tudo bem, se não, não tem problema não."



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