O juiz Adilson Fabrício Gomes Filho, da 1ª Vara Criminal de João Pessoa, determinou a remessa para o Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) do julgamento de um dos processos da Operação Calvário, que apura suposta lavagem de dinheiro e ocultação de bens envolvendo o ex-governador Ricardo Coutinho e alguns de seus ex-auxiliares.

A decisão do juiz foi baseada no entendimento de que os crimes comuns imputados aos réus estão relacionados com crimes eleitorais, pois teriam sido praticados com o intuito de manter o grupo político no poder.

“Apesar da ausência de imputação de crime eleitoral aos réus, vislumbra-se menção expressa de que os fatos embasadores da acusação decorrem, em tese, da atuação da ORCRIM, supostamente comandada pelo então Governador da Paraíba, Ricardo Vieira Coutinho, para a consecução de projeto de poder, concluindo-se, pois, que as condutas ilícitas atribuídas aos denunciados foram perpetradas com o nítido projeto de manutenção do dito grupo criminoso no poder, ou seja, com o propósito de ganho eleitoral”, afirmou o magistrado.

Além de Ricardo Coutinho, são réus no processo Coriolano Coutinho, irmão do ex-governador, Gilberto Carneiro, ex-procurador-geral do Estado, Daniel Gomes, empresário apontado como líder da organização, Waldson de Souza, ex-secretário de Saúde, Mauríco Rocha Neves, ex-assessor de Gilberto Carneiro, Aluísio Freitas de Almeida Júnior, ex-assessor de Ricardo Coutinho, e Amanda Rodrigues, ex-secretária de Finanças e esposa do ex-governador.

O processo faz parte da sétima fase da Operação Calvário, deflagrada em dezembro de 2019, que investiga um esquema de desvio de recursos públicos da saúde e da educação na Paraíba. Segundo as investigações, o grupo teria movimentado mais de R$ 134 milhões em propinas e contratos superfaturados.