Economia & Negócios

Internet das Coisas é realidade próxima

Modernidade


15/04/2014



 Quando surgiu, na década de 1980, a internet era capaz de conectar pessoas a outras pessoas por meio de uma rede global de computadores interligados. A popularização do e-mail é o maior expoente dessa primeira fase. A segunda onda de desenvolvimento da internet, que se caracteriza pelo nascimento da web, nos anos 1990, trouxe a comunicação entre pessoas e processos que ocorriam em servidores, como explica Raul Colcher, sócio e presidente da Questera Consulting e membro do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE).

Quando surgiu, na década de 1980, a internet era capaz de conectar pessoas a outras pessoas por meio de uma rede global de computadores interligados. A popularização do e-mail é o maior expoente dessa primeira fase. A segunda onda de desenvolvimento da internet, que se caracteriza pelo nascimento da web, nos anos 1990, trouxe a comunicação entre pessoas e processos que ocorriam em servidores, como explica Raul Colcher, sócio e presidente da Questera Consulting e membro do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE).

“A web foi uma onda maior ainda que o e-mail, pois criou muito mais tráfego e foi responsável pela explosão da internet como a conhecemos hoje. A partir dela nasceu, por exemplo, o comércio eletrônico”, afirma Colcher. Conforme os anos se passaram, a internet ganhou os celulares, que nos anos 2000 se tornaram smartphones, impulsionando a criação de novas categorias de dispositivos móveis como os tablets.

Agora, vivemos aquela que está sendo apontada como a terceira onda da internet, potencialmente maior que as anteriores, e uma verdadeira revolução tecnológica na opinião de muitos especialistas com quem o iG conversou, inclusive de Raul Colcher.

Nesta nova “era”, não serão apenas pessoas e processos conectados, mas também objetos. É a chamada Internet das Coisas, IoT na sigla em inglês de Internet Of Things. Em termos gerais, na Internet das Coisas, tudo pode ser conectado a uma rede porque até as lâmpadas terão um endereço IP, responsável pela conexão à rede mundial de computadores. Objetos, pessoas e até animais, desde que contenham chips, é claro, poderão estar interligados.

Segundo Max Leite, diretor de inovação da Intel, uma das empresas que está liderando essa revolução, nesta nova onda os dispositivos não são apenas conectados como também inteligentes. Eles são capazes de atuar, entender e compreender a partir da análise dos dados. “A Internet das Coisas estará ao redor do usuário, não apenas em suas mãos, mas nas roupas e nos objetos do dia-a-dia”, afirma.

Segundo Leite, a ideia por trás do conceito é conectar casas, escritórios, fábricas e até cidades de uma forma mais interessante. E muito embora a Internet das Coisas seja apontada como a próxima revolução tecnológica, na verdade, ela já está acontecendo.

Posto de gasolina mais inteligente

Desde 2011, a Intel, em parceria com a Petrobrás, faz experimentos com o Posto do Futuro. Localizado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, esse é um posto que, entre outras coisas, é capaz de identificar o cliente de duas maneiras: por leitura óptica da placa (OCR), ou por uma tag de identificação por radiofrequência (RFID), tecnologia que já está sendo testada em um sistema de identificação eletrônica de veículos da Intel em parceria com a Autofind.

Outra importante empresa fabricante de semicondutores, a Qualcomm acredita que a Internet das Coisas trará um sexto sentido digital para as pessoas, “no qual as coisas coletam dados para que os seres humanos possam interagir melhor com o ambiente e com os outros ao seu redor”, explica Dario Dal Piaz, diretor de desenvolvimento de negócios da Qualcomm.

De acordo ele, o smartphone tem potencial para ser a grande central que vai capturar e selecionar o tipo de informação que os usuários vão receber dos objetos aos quais estarão conectados.

Segundo Dal Piaz, a Internet das Coisas crescerá em duas direções: na automação residencial, tornando casas e serviços de energia mais inteligentes, e no mercado automobilístico, onde o carro passa a ser uma central conectada que oferece entretenimento, informação e serviços.

Chips mais baratos ajudam Internet das Coisas

Importante consultoria de tendências, a Trend Watching recentemente divulgou um relatório no qual aponta os motivos pelos quais a Internet das Coisas se tornou possível e já é uma realidade. O primeiro ponto é o hardware. Existem hoje chips, processadores e sensores mais baratos e eficientes, capazes de estarem também dentro de objetos, por menores que eles sejam. Outro passo que torna a Internet das Coisas possível é a adoção da computação em nuvem em larga escala, tecnologia que dá ao usuário e às empresas mais espaço para armazenar dados e também mobilidade.

Ghassan Dreibi, gerente de Desenvolvimento e Negócios de Segurança da Cisco América Latina, concorda que o momento é agora. “Encaramos a Internet de Todas as Coisas como algo inevitável. A tendência de mobilidade e a facilidade de acesso às soluções na nuvem propiciam um uso maior da tecnologia”. Para ele, essa nova onda tecnológica se trata de aproveitar melhor as plataformas já existentes, porque muito pouco está conectado hoje, integrar e automatizar soluções, dando visibilidade e controle a mais usuários, e não só corporativos.

Internet das Coisas muda modelos de negócios

O aumento da precisão das tecnologias de localização geográfica, o famoso GPS, também cria condições para que as interações entre novos dispositivos e sistemas sejam mais valiosas segundo a Trend Watching. Henrique Amaral, executivo de servidores e storage da IBM Brasil, acredita que esse é o principal ponto. “O cliente só vai pagar por algo com Internet das Coisas se aquilo tiver um valor para ele”, explica. Amaral afirma ainda que, por isso, muitas empresas terão que rever seu modelo de negócio, pois a chegada da Internet das Coisas vai mudar até as cadeias mais primárias de produção.

“No futuro, uma caixa de leite trará um sensor que identifica na parte fora se a bebida está própria para o consumo, deixando uma etiqueta verde se estiver bom e vermelho se não estiver. Uma fabricante que tiver problemas com uma remessa de leite que azedou antes do tempo terá, por meio da Internet das Coisas, uma visão inteligente da sua malha de distribuição, e poderá encontrar o caminhão que levou essa remessa e descobrir, por exemplo, que ele não estava com a temperatura de resfriamento adequada”, exemplifica o executivo da IBM.

Ainda de acordo com a Trend Watching, a Internet das Coisas não é transformar qualquer aparelho em um dispositivo conectado ou inteligente. É preciso ter foco no consumidor e no que ele realmente precisa e quer. Nesse sentido, a consultoria acredita que a Internet das Coisas se desenvolverá em cinco frentes: saúde, física e mental; bem-estar mental; segurança pessoal; segurança e privacidade de dados; conexão entre o cliente e as pessoas que ele ama. Uma geladeira conectada à internet com um painel sensível ao toque para que o usuário publique tweets não parece corresponder às necessidades do usuário segundo a consultoria.
 

 



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