Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara dos Deputados, criticou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por suas ações consideradas prejudiciais à soberania do Brasil. Para Hugo Motta, Eduardo Bolsonaro teria contribuído para a implantação do tarifaço imposto ao Brasil pelo presidente americano, Donald Trump. 

Em resposta ao deputado Eduardo, Motta declarou que cada parlamentar tem direito e autonomia para expressar as suas opiniões, desde que estas não coloquem em risco a soberania nacional. Em entrevista à revista VEJA nesta segunda-feira (11), Motta afirmou que “ninguém pode concordar” com a conduta de Eduardo Bolsonaro.

“Eu não posso concordar com a atitude de um parlamentar que está fora do país trabalhando muitas vezes para que medidas cheguem ao seu país de origem e tragam danos à economia do seu país. Isso não pode ser admitido “, completou o presidente da Câmara dos Deputados.

Diante das atitudes de Eduardo Bolsonaro, motivadas pela defesa da inocência de seu pai, Jair Bolsonaro (PL), Hugo Motta afirma que, apesar da liberdade que o deputado tem para defender seus ideais, “Ninguém pode concordar em ter seu país sendo prejudicado pela atitude de um parlamentar”, declarou. 

Acerca das taxas impostas ao Brasil, Motta disse que a Câmara está mobilizada para reduzir seus impactos e completou afirmando:  “Estamos de prontidão para garantir que esses danos possam ser diminuídos”.

Na mesma entrevista, Hugo Motta também abordou as agitações promovidas pelos parlamentares da ala bolsonarista na última sexta-feira (8). Motta encaminhou  à Corregedoria Parlamentar denúncias contra 14 deputados de oposição que participaram de um protesto que obstruiu o plenário por cerca de 30 horas, impedindo a realização de outras sessões. Entre os citados estão Marcel Van Hattem (Novo-RS), Marcos Pollon (PL-MS), Paulo Bilynskyj (PL-SP), Júlia Zanatta (PL-SC) e Zé Trovão (PL-SC), denunciados por PT, PSB e PSOL. Os parlamentares denunciados podem ter seus mandatos suspensos por até seis meses.

“O momento político é um dos mais complexos que estamos vivendo, por isso, temos de dialogar com ministro da Suprema corte, conversar com nossos colegas da casa vizinha, do Senado e internamente para manter a Câmara dos Deputados funcionando, manter a pauta do dia a dia sendo feita com responsabilidade, com assuntos que sejam de interesse da população brasileira e, claro, sempre buscando através do diálogo e vencendo a crise institucional que o país atravessa. Vamos seguir sempre colocando os interesses do país em primeiro lugar, de não negociar nossa democracia, nossa soberania, proteger nossa indústria, nossos interesses e empregos”, discorreu Motta sobre a pressão por anistia aos participantes do motim golpista do dia 8 de janeiro de 2023.

Para Motta, o cenário político atual do Brasil requer diálogo com o Supremo Tribunal Federal, o Senado e outros parlamentares que devem observar e colocar em foco os desejos da população. “Vamos seguir sempre colocando os interesses do país em primeiro lugar, de não negociar nossa democracia, nossa soberania, proteger nossa indústria, nossos interesses e empregos”, disse.

Por fim, Motta observou que ainda há grande resistência na Casa quando o assunto é a anistia dos golpistas.  “O que eu sinto aqui dentro do ambiente que converso, com o contato que tenho com os parlamentares, é que há uma certa dificuldade com anistia ampla, geral e irrestrita”.