Política

Historiadora relata a trajetória acadêmica e política de Tarcísio Burity

Acadêmico e Político


10/07/2014



{arquivo}Na última terça-feira (8), foi celebrada a missa de 11 de morte do ex-governador, líder, político e acadêmico, Tarcísio de Miranda Burity. Foram várias homenagens prestadas. Uma delas foi encaminhada à redação do WSCOM Online, em forma de artigo, pela historiadora Maria José Teixeira Lopes Gomes.

No texto, Maria José relata um pouco da trajetória acadêmica, profissional e política do amigo Tarcísio Burity.

Confira abaixo o texto na íntegra:

 

 

Tarcísio de Miranda Burity

Maria José Teixeira Lopes Gomes*

Após longa enfermidade, falecia em 08 de julho de 2003, no Instituto do Coração em São Paulo, o Prof. Tarcísio de Miranda Burity, aos 65 anos de idade. Grande parte dos paraibanos lamentou sua morte.

O jornalista Martinho Moreira Franco, dias após o falecimento de Burity, em uma crônica escreveu: “A Paraíba ainda vai demorar a se aperceber em profundidade da falta que Burity faz. Não se trata de sentimento residual de perda, mas percepção que só a passagem do tempo é capaz de distinguir como relevante”.

Em verdade, Tarcisio Burity marcou sua passagem na terra como um homem de bem, um intelectual e um excelente professor, vivendo parte de vida ocupando-se em coisas do espírito como lendo, estudando e dando aulas. Muito jovem, foi professor do extinto Colégio Das Neves, depois no Colégio das Lourdinas. Mas, é na docência universitária que ele marcou sua presença em aulas magistrais da velha Faculdade de Direito da Praça João Pessoa, na extinta Faculdade de Filosofia-FAFI e no Curso de Direito do contemporâneo UNIPE.

Alfabetizado em família, deu início à sua escolaridade em escolas particulares de João Pessoa; cursou o Ensino Fundamenta no Colégio Sagrada Família, na época vinculado ao Colégio Nossa Senhora das Neves. Em seguida, vai estudar no Colégio Pio X, no entanto, a identidade cultural Tarcisio Burity alicerçou no período de 1950 a 1953, no Seminário Arquidiocesano da Paraíba, que funcionava no tradicional Covento de São Francisco, na Capital.

Com 18 anos, foi aprovado em primeiro lugar no vestibular do Curso de Direito da UFPB, encontrando terreno fértil para moldar sua intelectualidade. O convívio intelectual do meio acadêmico acabou por constituir os esquemas intelectuais e o ideário político e social de sua personalidade socialmente construída. Em 1961, é escolhido Orador da Turma por seus pares. Bacharel foi aprovado em concurso de Promotor de Justiça. Assume a Comarca de Araruna, posteriormente desenvolve atividades no Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba.

Sentindo a necessidade de aprofundar seus conhecimentos, Tarcísio Burity dá início ao Mestrado em Sociologia da Educação na Universidade de Poitiers, na França e em seguida, ao Doutorado em Ciências Políticas no Instituto Universitário de Altos Estudos em Genebra,construindo assim na velha Europa sua carreira acadêmica, numa época em que esse avanços eram fatos raros.

Ao terminar as disciplinas do Doutorado, Tarcísio Burity volta à Paraíba e concorre a uma cadeira na vetusta Faculdade de Direito da qual se bacharelou. Na docência veio sua maturidade intelectual alimentada pelo hábito de leitura por horas intermináveis, vividas pelo Mestre.

Escolhido Secretário de Educação pelo governador Ivan Bichara, e sem que ele almejasse, o governo de exceção que instalou o Estado Militar no país o elevou ao governo do Estado da Paraíba. O desafio ele enfrentou com inteligência e sedução, apesar de não possuir nenhum pendor inato para as questões políticas partidárias. Foi deputado federal e em seguida, novamente governador. Quando governador dinamizou a educação, apoiou as artes, a música e a ciência, trazendo para nosso estado grandes eventos, como em 1988 o 3º Congresso Brasileiro de Filosofia Social e Jurídica.

Mente brilhante, de comunicação fluente e de ideias precisas, tinha o domínio total da língua e os intelectuais da ilustrada Academia Paraibana de Letras lamentaram a perda do confrade que marcava com suas observações, as tertúlias acadêmicas das tardes perdidas de antanho, das quais um grupo seleto de acadêmicos desfrutava de sua convivência.



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