Economia

Gráfica de 168 anos vai converter notas de papel em criptomoedas

A gráfica, que já tem 168 anos de existência, passou a realizar no mês passado investimentos em blockchain, aplicando cerca de US$ 17 milhões


01/10/2020

Imagem ilustrativa - Criptomoeda

Portal WSCOM



A produção de papel-moeda nos Estados Unidos é feita pelo Departamento de Gravura e Impressão do Tesouro. Porém, em alguns lugares do mundo, como na Tailândia, Arménia, Peru e Suazilândia, esse trabalho é realizado por várias empresas – dentre as que mais se destacam nesse ramo está a gráfica alemã Giesecke & Devrient (G&D).

A gráfica, que já tem 168 anos de existência, passou a realizar no mês passado investimentos em blockchain, aplicando cerca de US$ 17 milhões na Metaco, uma startup localizada na Suíça que fornece serviços relacionados à custódia de stablecoins e bitcoins. Essas criptomoedas são alimentadas por uma blockchain, contudo, apoiam-se por moedas fiduciárias, como o dólar. Ademais, em 2019 a G&D lançou um software conhecido como Filia, que pode ser utilizado por bancos centrais de forma que eles possam emitir versões digitais da sua própria moeda através da tecnologia de contabilidade distribuída.

Popularização da economia digital

Atualmente, seis bancos centrais aderiram ao software criado pela G&D e estão negociando o uso do Filia para criar seu dinheiro digital. Enquanto isso, a China vem trabalhando para ser o primeiro país a ter uma moeda totalmente baseada em blockchain. Para Ralf Wintergerst, CEO da Giesecke & Devrient, o processo de criação de dinheiro está passando por uma grande revolução tecnológica, que busca mesclar o melhor do mundo virtual com o melhor do mundo físico já que, ainda nos dias de hoje, mais da metade de todas as transações realizadas no planeta ocorrem com dinheiro físico, havendo cerca de US$ 8 trilhões em circulação na forma de dinheiro, valor que aumenta de 3% a 5% ao ano.

A gráfica G&D mantém boa parte da sua força de trabalho na produção de notas de papel, porém é muito difícil encontrar um defensor mais dedicado de pagamentos virtuais. Atualmente é possível fazer praticamente tudo utilizando a internet, desde transferências bancárias, compras em lojas virtuais, pedidos de comida e até mesmo acessar cassinos online que não requerem depósito, que são seguros e oferecem uma boa dose de diversão.

A atual crise sanitária, e o elevado risco de contaminação com o manuseio de notas de papel adiantou bastante a tendência de utilizar métodos de pagamentos digitais, principalmente em países com a economia mais desenvolvida, como os Estados Unidos. Alguns aplicativos de pagamento, como Zelle, Venmo e Square’s App observaram um aumento significativo no seu uso. Só a Zelle teve um aumento de 63% no volume de transações no primeiro semestre de 2020, movimentando US$ 133 bilhões.

“A existência de várias formas de pagamento faz sentido do ponto de vista geral”, falou Wintergerst, dirigindo-se à necessidade de haver notas à prova de falsificação, mesmo com a popularização dos pagamentos eletrônicos. No ano de 2019, cerca de 46% da receita de US$ 2,9 bilhões da G&D foram advindos da sua divisão de tecnologia de moeda, que se dá principalmente através do serviço de design e impressão de notas. Além disso, a empresa emprega mais de 4800 pessoas em 145 dos 195 bancos centrais espalhados ao redor do mundo.

História da empresa

A Giesecke & Devrient foi fundada em 1852 na cidade de Leipzig por dois jovens artesãos empreendedores, Alphonse Devrient, de 31 anos e Hermann Giesecke, de 21 anos. No mesmo ano de fundação, a gráfica conseguiu seu primeiro grande contrato com o Banco de Weimar para produzir a nota de 10-thaler. Os jovens fizeram um excepcional trabalho na confecção da nota, que contava com espirais fractais esculpidas em um torno, que eram impossíveis de serem falsificadas na época. A partir de então, a dupla ficou conhecida por seus design sofisticados e glamourosos.

A gráfica vem participando da história monetária desde então. Logo após a Primeira Guerra Mundial, ela se tornou uma das principais gráficas da República de Weimar. Já no ano de 1936, produziu os ingressos para os Jogos Olímpicos de Berlim. Um pouco depois, criou as notas de banco para o regime de Franco, na Espanha. E agora, se tornou a primeira impressora privada de dinheiro a oferecer software para bancos centrais emitirem moedas digitais.



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