Internacional

“Governo venezuelano tem o ônus de provar a vitória de Maduro”, diz Celso Amorim

"A dúvida é se a contagem corresponde às atas. Eu perguntei isso ao presidente Maduro e ele disse que era uma questão de dois ou três dias", disse Amorim.


02/08/2024

O assessor especial de Lula, Celso Amorim - 5/12/2022 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

Brasil 247



Celso Amorim, chefe da Assessoria Especial da Presidência, fez declarações contundentes sobre a situação eleitoral na Venezuela em entrevista à RedeTV nesta quinta-feira (1). Amorim criticou a demora do Comitê Nacional Eleitoral (CNE) em publicar dados detalhados das eleições presidenciais, ressaltando a necessidade de transparência do governo venezuelano.

“Nós estamos decepcionados com a demora do Comitê Nacional Eleitoral em publicar os dados. Eu acho que indiscutivelmente o Centro Carter não é manipulado e já demonstrou isso”, afirmou Amorim. Ele destacou que, dado o histórico político do país, o governo de Nicolás Maduro carrega o ônus de provar a legitimidade de sua vitória.

“O problema é que, em função de tudo que já aconteceu, em qualquer país, o ônus da prova está em quem acusa. No caso da Venezuela, o ônus está em quem é acusado. É objeto de suspeição, em função de tudo que já aconteceu, de todo quadro político. Há uma expectativa de que o governo venezuelano possa provar a votação que ele alega ter feito. A dúvida é se a contagem corresponde às atas. Eu perguntei isso ao presidente Maduro e ele disse que era uma questão de dois ou três dias”, explicou.

As críticas de Amorim vêm após o Centro Carter ter declarado que as eleições presidenciais de 2024 na Venezuela não atenderam aos padrões internacionais de integridade eleitoral e não podem ser consideradas democráticas. A organização não conseguiu verificar ou corroborar os resultados anunciados pelo CNE, uma falha considerada uma violação grave dos princípios eleitorais.

O comunicado do Centro Carter destaca diversas irregularidades no processo eleitoral venezuelano, incluindo um ambiente de liberdades restritas para atores políticos, organizações da sociedade civil e a mídia. O registro de eleitores foi prejudicado por prazos curtos e obstáculos que efetivamente impediram grande parte da população migrante de votar. Além disso, a campanha eleitoral foi marcada por condições desiguais, com o presidente incumbente, Nicolás Maduro, desfrutando de recursos administrativos e cobertura midiática significativamente superiores aos de seu principal oponente, Edmundo González.

As declarações de Celso Amorim reforçam a pressão sobre o governo de Maduro para apresentar as atas eleitorais, documentos detalhados que mostram o número de votos e os resultados em cada urna. Esse pedido já havia sido feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que considerou a apresentação das atas essencial para resolver o impasse político na Venezuela.

 



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