Cultura
“F£V£R£IRO F∆BRIC∆NDO FOLI∆”, por Dida Fialho
09/02/2023
Criado na Babilônia, a folia carnavalesca navegou com os colonizadores portugueses e chegando a Bahia, recebeu “banho de cheiro”, influências e miscigenação.
Sem saudosismo, lembro-me dos anos que brinquei e quero apenas mostrar para turma do “axé”, que vivi outra folia e que muita coisa foi mudada.
Ainda não existia o Folia de Rua, tão pouco os Blocos: Muriçocas do Miramar, Confete & Serpentinas, Elefantes da Torre, Boi do Bessa, Virgens de Tambaú, Cafuçu e muitos outros.
O comércio neste mês se expande, com inúmeros ” penduricalhos” para compor fantasias, pierrôs, baianas e bailarinas, todas saindo às ruas seduzidas pela “Festa da Carne”.
Apareciam blocos em que os instrumentos eram de latas amassadas, com batuque atonal e som bizarro.
Sem harmonia nem ritmo, os blocos saiam ás ruas mostrando que a essência maior dos brincantes eram participar com um enredo crítico e irônico.
O Carnaval tradição com originalidade e resistência, desfila na AV: Duarte da Silveira, Escolas de Samba Malandros do Morro, Catedráticos do Ritmo, os Piratas de Jaguaribe, Clubes de Frevo,25 Bichos, Tribos indígenas: Africanos da Torre, Pele Vermelha de Mandacarú, Papo Amarelo de Cruz das Armas, Ala Ursas e outros.
Os maestros Vilôr e Duda, comandavam as fabulosas orquestras nos clubes.
Eram concorridas noites de Vermelho e Branco no Clube Cabo Branco, em Miramar, Clube Astréa, em Tambiá e Jangada Clube, em Tambaú.
Claudionor Germano e Jadir Camargo, intérpretes grandiosos, são as vozes mais populares dos carnavais passados. Lembrança que guardo afinada nos ouvidos afiados.
No repertório, muitos frevos com arranjos de sucessos da época, incluindo clássicos nacionais e internacionais, marchinhas de Livardo Alves e, outras de outros compositores, eram “chicletes” sem banana na boca de todos.
“Eu mato, eu mato quem roubou minha cueca pra fazer pano de prato”
“Minha cueca tava lavada foi um presente que ganhei da namorada”
A malícia das marchinhas sempre cantadas com críticas picantes, endereçadas muitas vezes, aos políticos.
Na folia do Cafuçu, o ridículo vira moda.
Quem está “fora de forma” desfila seus corpos sem vergonha de se mostrar como é de verdade.
A diversão no Carnaval é maior que todos os preconceitos.
Iguais a mim muitos buscavam as origens conhecendo o Carnaval pernambucano no Galo da Madrugada e ainda se curtia a tradicional, linda e vibrante folia de Olinda.
Parecia que o mundo inteiro estava ali alucinado, subindo e descendo ladeiras.
Corações batendo acelerados atrás do Bloco “Segura a Coisa”.
Todos ligados com a cabeça feita e o astral lá em cima, ao som brilhante dos metais tocando e delirando o povo pulando o frevo rasgado “Vassourinhas”.
Os negócios e a capitalização saíram do romantismo, e a modernização da festa gerou tanto lucro que até inventaram os carnavais fora de época, com a indústria de trios elétricos e abadás.
Finalmente a folia volta a rolar no Reinado da Festa de Momo.
Em Sampa, o Sambódromo do Anhembi abre alas para o desfile da Escola de Samba Dragões da Real, que em intercâmbio com a Prefeitura de João Pessoa e articulação da FUNJOPE irá homenagear a Capital paraibana após a Pandemia.
FEVEREIRO, FESTA, FREVO, FERIADO, FÉ, FOLIA!
Dida Fialho
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