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Forte ressaca que inundou bairros de Santos surpreendeu até especialistas

LITORAL DE SP


23/08/2016

Pesquisadores do Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas da Universidade Santa Cecília, em Santos, no litoral de São Paulo, emitiram boletins alertando sobre a possibilidade de que uma forte ressaca pudesse atingir a região. O fenômeno natural gerou danos em toda a orla no domingo (21) e forçou o Porto de Santos a permanecer fechado por ao menos 30 horas.

A ressaca aconteceu no fim da tarde do domingo. O volume de água foi tão grande, que chegou a invadir alguns prédios e clubes que ficam no bairro da Ponta da Praia. Durante o dia, a Base Aérea de Santos registrou rajadas de vento de 90 km/h. A ventania derrubou árvores e interrompeu duas vezes a travessia de balsas entre Santos e Guarujá. Já a elevação da maré chegou a 2,60 metros.

De acordo com o biólogo Renan Ribeiro, as autoridades poderiam ter tomado providências que teriam minimizado as ações da ressaca. “Poderiam ter sido evitados alguns danos se tivessem sido tomado algumas ações. Por exemplo, nos casos dos edifícios, o posicionamento de uma comporta na entrada dos estacionamentos subterrâneos poderia ter minimizado os impactos. Também deveria ter sido interditado o tráfego das pessoas naquela região porque tivemos pedras pesando toneladas que chegaram na região da avenida”, explica.

O coordenador da Defesa Civil de Santos, Daniel Onias, diz, entretanto, que era impossível evitar os efeitos e os danos causados pela ressaca que atingiu a cidade. "É um evento extremo. É claro que essas previsões são coisas novas, são estudos que passaram recentemente. Então a partir do momento em que tivermos previsões mais confiáveis nós passaremos sim a avisar a população".

Ele afirma que apesar do Núcleos de Pesquisas Hidrodinâmicas da Unisanta existir há 21 anos, ele trabalha com outros segmentos. "Esse segmento de risco é algo bem recente e estamos inclusive buscando uma parceria com a instituição para poder receber frequentemente esses avisos. Nós divulgamos para a mídia que haveria uma ressaca, a população sabia, mas essa intensidade ninguém poderia prever".

Ele afirma ainda que os profissionais da própria instituição teriam se surpreendido com a intensidade do fenômeno natural. “Havia um boletim, mas o que não se sabia era a direção dos ventos e a intensidade dos mesmos que potencializaram a ressaca. Tivemos ressacas anteriores, como em abril, e eles também se surpreenderam com essa violência. A população terá que se acostumar a ter essa percepção de riscos, procurar previsões, e assim que tivermos previsões mais confiáveis, no tempo adequado, avisaremos a população”.

Limpeza
Durante toda a segunda-feira, profissionais da prefeitura de Santos retiraram areia e pedras que invadiram a avenida da praia. No Museu da Pesca de Santos, duas salas ficaram parcialmente destruídas devido à invasão do água do mar.
“A área lúdica do diorama ficou inundada, assim como a sala do barco. Danificou bastante porque o diorama é uma obra bem delicada já que representa o fundo do mar, então a gente teve bastante problema, mas vamos restaurar e já conseguimos montar um mutirão. Acredito que logo vamos reabrir essas duas áreas”, afirma a diretora do Museu de Pesca Thais Maron.

A maré permanecia alta, atingindo até 1,20m na noite desta segunda-feira (22). O barco que destruiu parte da mureta da avenida da praia de Santos permanece no mesmo local. Durante todo o dia, foram efetuadas três tentativas de retirar a embarcação do local, mas a corda usada para puxar o barco acabou rompendo. Novas tentativas serão realizadas na manhã desta terça-feira (23).

Além disso, o Porto de Santos permaneceu cerca de 30 horas fechado e diversos estacionamentos subterrâneos de prédio seguem inundados. Autoridades portuárias e os síndicos dizem que ainda não é possível precisar os prejuízos em ambos os casos.



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