Economia
Fim da disputa: J&F retoma 100% da Eldorado após acordo bilionário com a Paper Excellence
16/05/2025

Após anos de litígio, chegou ao fim uma das mais longas e complexas disputas societárias do país. O Grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, fechou um acordo com a Paper Excellence e retomou o controle integral da Eldorado Brasil, em uma transação avaliada em US$2,7 bilhões (cerca de R$15 bilhões).
Virada nas negociações
O ponto de virada nas negociações ocorreu em novembro de 2024, quando a J&F formalizou uma proposta bilionária para adquirir a fatia da companhia estrangeira, baseada no valor de mercado da produtora de celulose. A oferta, à época, já estava na mesa durante uma tentativa de conciliação mediada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sob condução do ministro Nunes Marques. Apesar de não ter resultado imediato, a proposta ganhou força com o tempo.
Desde então, a Paper Excellence tentou diversas estratégias para manter sua posição na Eldorado. Recorreu a instâncias judiciais brasileiras e internacionais, mas sofreu reveses sucessivos. No Tribunal de Justiça de São Paulo, perdeu uma decisão que anulou uma sentença anterior favorável. Em Paris, viu sua tentativa de abrir nova arbitragem fracassar, com a corte determinando que o caso deveria ser julgado no Brasil. Além disso, a empresa teve negadas seis tentativas de reverter a decisão do TRF-4 que impedia a concretização da venda.
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Diante da sequência de derrotas, a companhia estrangeira decidiu aceitar o acordo e vender sua participação de 49,41% na Eldorado. Com isso, a J&F retoma 100% do controle da empresa, encerrando uma disputa que se arrastava desde 2018.
A briga começou em 2017, quando a J&F colocou a Eldorado à venda como parte de sua estratégia de levantar recursos após o acordo de leniência no âmbito da Lava Jato. Embora a Paper Excellence, controlada pelo indonésio Jackson Wijaya, tenha adquirido quase metade da empresa, a conclusão do negócio emperrou e deu início a uma guerra jurídica que envolveu o STF, arbitragens internacionais e até questionamentos sobre a compra de terras por estrangeiros.
Pressão judicial
Apesar da derrota na disputa pelo controle, a Paper Excellence obteve um bom retorno financeiro: investiu US$1,2 bilhão e agora vende por mais que o dobro, em um momento de dólar valorizado. Segundo fontes próximas à negociação, Wijaya optou por concentrar os esforços de sua empresa em outros mercados, como o norte-americano.
Retomada dos investimentos
Durante os anos de incerteza, a Eldorado viu seu potencial de expansão ser paralisado. Um projeto de nova linha industrial, que dobraria sua capacidade para mais de 3 milhões de toneladas de celulose por ano, foi engavetado. Estima-se que mais de R$10 bilhões deixaram de ser investidos no setor por conta da indefinição societária.
Com o litígio superado, a expectativa agora é de retomada. A Eldorado, fundada em 2010 e considerada estratégica para a atuação da J&F no agronegócio e na bioeconomia, volta a mirar sua expansão, especialmente no polo industrial de Três Lagoas (MS).
Nos próximos meses, a companhia deve buscar novas captações para finalmente tirar do papel os projetos adiados por quase uma década, agora sem o ruído jurídico que travava seu crescimento.
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