Música

Festival de Música Clássica reúne cinco mil pessoas na abertura


01/12/2014



Expectativa, silêncio, olhos atentos, o espetáculo “Carmina Burana” foi de tirar o fôlego em cerca de 1h30 de muita emoção. Assim foi a abertura do II Festival Internacional de Música Clássica de João Pessoa, que teve início neste domingo (30), às 18h30, na Praça do Povo do Espaço Cultural José Lins do Rêgo. O concerto, aberto ao público, reuniu cerca cinco mil pessoas durante a abertura.

O público ficou encantado com as apresentações dos corais Vozes da Infância e Coro Em Canto e com os solistas de renome, Wladimyr Carvalho, Gabriella Pace e Paulo Mestre. O evento acontecerá até o próximo dia 06 de dezembro nas centenárias igrejas do Varadouro, na Igreja Baptista e no Espaço Cultural.

Nesta segunda-feira (1) acontecerão três apresentações do festival, no entanto, uma das mais aguardadas é com a pianista ucraniana Anna Fedorova, às 20h, na Igreja São Francisco, na Capital. A programação completa pode ser acessada através do site do evento: www.joaopessoa.pb.gov.br/musicaclassica2014.

O maestro e diretor artístico do festival, Laércio Sinhorelli Diniz, regeu a Orquestra Sinfônica Municipal de João Pessoa, que apresentou, junto do Coro Em Canto e do Coral Vozes da Infância, um dos grandes hits da música clássica: a ópera Carmina Burana, do compositor alemão Carl Orff.

O prefeito Luciano Cartaxo ressaltou que o evento é uma forma de incentivo a cultura na Capital. “Esse festival veio para ficar e se consolidar no caléndário local. Além disso, é mais uma forma de estimular o turismo, pois um festival desse porte projeta ainda mais a cidade nos cenários nacional e internacional”, avaliou.

Cartaxo destacou ainda que “a Paraíba tem uma tradição muito forte na música erudita, por isso é importante fazer essa troca de experência. O festival é para todos e abre espaço para popularizar a música clássica. Tenho certeza que será um grande sucesso como foi no ano passado”, completou.

Para o diretor executivo da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), Maurício Burity, “esta segunda edição promete inserir João Pessoa em definitivo no mapa dos destinos dos apreciadores da música clássica. Para a cidade, mais uma vez o evento representa um ganho inestimável em termos de engrandecimento cultural e transmissão de conhecimento artístico”, ressalta.

Espetáculo grandioso – Na opinião do maestro e diretor artístico do festival, Laércio Sinhorelli Diniz o evento é um grande investimento cultural. “A Carmina Burana é um espetaculo grandioso em todos os aspectos e sem dúvida é um grande investimento cultural a prefeitura trazer uma peça desse porte a João Pessoa. Isso mostra exatamente o que essa gestão quer com a cultura, que é trazer coisas grandes não só no porte, na quantidade, mas principalmente na qualidade”, ressaltou.

Ainda segundo o maestro os espetáculos de música clássica é uma tradição e foi redescoberto pela atual gestão. “O público é carente de momentos como esse e por isso podemos constatar uma aceitação tão grande. É claro que sempre tem um risco, mas a “casa” cheia já era esperada e mostra que valeu a pena, pois estamos dando possibilidade para as pessoas que não conhecem a música clássica e contemporizando quem gosta”, concluiu Laércio Diniz.

Público – A pequena Mariana de Castro, de 5 anos, estava encantada com a apresentação. Os olhos vidrados no maestro não deixava escapar nenhum movimento e do público, ela o imitava com muita maestria. “Meu sonho é ser maestrina. Quero reger uma orquestra quando eu crescer. Eu amo a música clássica e sei criar muito bem”, disse.

Talvez os planos até mudem com o passar dos anos, mas a pequena tem uma grande incetivadora de sonhos, a sua mãe, Juliana Borges. “Esses eventos culturais são importantes porque despertam talentos, por isso, é bom estimular e perceber que não é uma admiração e um desejo só da minha filha. Ao final do espetáculo todos acabam sendo enriquecidos culturalmente”, disse.

O funcionários público, Carlos Franca, levou toda a família para prestigiar o festival. “Acho que eventos como esses é de grande importância e o local é fantástico, realmente temos que valorizar esse espaço de cultura que temos na cidade. Só tenho que parabenizar essa inciativa, pois a gente precisa disso, de música boa”, disse.

Vozes da Infância – Mães empregadas domésticas, filhas de uma família com cinco filhos, Rafaela e Maria Izabela tem mais caraterísticas em comum. Elas têm o sonho de se tornar musicistas profissionais. O Coral Vozes da Infância pode ser a ponte para essa realização. Com mãos trêmulas, as jovens aguardavam com ansiedade a hora de se apresentar no festival. Juntamente com elas, mais 22 crianças se apresentaram na primeira noite de espetáculo.

Rafaela Duarte é moradora do bairro da Penha, na Capital. A jovem, de 16 anos, já se apresentou em outros espetáculos, mas se preparou durante três meses para a apresentação no festival. “Estou muito nervosa, pois é um momento único, se apresentar com profissionais tão capacitados. Apesar disso, estou extremamente feliz com a oportunidade”, revelou.

A mesma emoção foi compartilhada por Maria Izabela, moradora da comunidade Padre Zé. A jovem, de 13 anos, já participou de mais de 10 apresentações junto com o coral, mas garante que cada apresentação é um momento único. “Estou sentindo um tremendo frio na barriga. É com muito orgulho que apresento o espetáculo Carmina Burana”, contou.

Carmina Burana – Um dos maiores hits da música clássica, “Carmina Burana” é de longe a obra mais conhecida do compositor alemão Carl Orff (1895-1982). Também é cercada de polêmica. Foi escrita em 1935 e estreou em 1937 em Frankfurt, sendo intensamente glorificada pelos líderes do nazifascismo. A obra é a única produção artística da Alemanha nazista a permanecer conhecida até hoje (por esse motivo, a sua execução foi banida de Israel). Dos 228 poemas medievais (alguns musicados já àquela época), Orff escolheu 22 e os agrupou em assuntos para construir um tipo de enredo.

Num prólogo, o texto fala dos caprichos da roda da fortuna. A primeira parte trata do despertar da natureza e do amor na primavera; a segunda, mais sombria, de uma noite de excessos do jogo, comida e bebida numa taberna. A terceira, de um amor que se torna refém dos caprichos do destino. O problema em torno desta ópera é que a escrita musical era tão precária no século XIII, que fica difícil distinguir até onde vai a recuperação do manuscrito em que se baseia e onde começa a criação de Orff.



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