Internacional

Favorito na eleição da Venezuela, Maduro diz que não haverá trégua com burguesia

PÓS ELEIÇÃO


14/04/2013



O presidente interino e candidato do chavismo à Presidência da Venezuela, Nicolás Maduro , disse neste domingo que, se for eleito, não fará "pacto com a burguesia" nem manterá diálogo com a "elite" nacional. Respondendo a perguntas de jornalistas após votar em uma escola de Cátia, um subúrbio humilde no oeste da capital, Caracas, Maduro foi ainda evasivo em relação a uma retomada de relações com os Estados Unidos, "porque eles estão sempre conspirando".

As declarações são o primeiro indício do que esperar de um governo Maduro, o candidato mais bem colocado nas pesquisas de opinião. Ele respondia à pergunta de uma jornalista sobre suas primeiras medidas no campo econômico, da união nacional e da relação com os EUA. O presidente interino disse que o governo de seu antecessor, Hugo Chávez , sempre quis dialogar com a oposição, mas os opositores sempre preferiram tentar tirar Chávez do poder pela força.

Citou, como exemplos, um fracassado golpe de Estado em 2002, uma greve patronal no fim de 2002 e 2003, e um referendo revocatório em 2004 – ano em que o líder bolivariano finalmente consolidou seu poder no país. "Atenção: a palavra diálogo vinculada ao velho conceito da democracia representativa, esse é o pacto das elites", disse Maduro.

"O pacto com a burguesia se acabou. Aqui não haverá pacto com a burguesia, haverá diálogo com a classe operária, com os empresários patriotas, com os estudantes secundaristas, universidades, professores, diálogos bolivarianos com todos. Bem-vindos", continuou. "Sempre estamos abertos a conversar sobre todos os temas. Mas na Venezuela há uma revolução e esta criou novos valores da democracia. Um deles foi acabar com o pacto das elites e o coleguismo."

Reuters
Candidato Henrique Capriles mostra dedo com tinta após dar seu voto em posto eleitoral de Caracas

Encruzilhada

Se for confirmada, a eleição de Maduro não chegará a ser uma surpresa; menos clara, nesse momento, será a linha que seu governo seguiria. A sociedade venezuelana permanece fortemente polarizada politicamente, e esta eleição coloca o país em uma encruzilhada a partir da qual chavistas e opositores podem tentar construir um diálogo ou se apartar ainda mais.

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Em um intervalo curto para passar a sua mensagem eleitoral, o candidato chavista adotou uma estratégia dupla: tentou passar uma lealdade cega e irrestrita – quase metafísica – a Hugo Chávez; e remeteu a ressentimentos históricos da população que se via excluída da política venezuela antes de Chávez.

Para tanto, tratou de qualificar o opositor, Henrique Capriles , de "burguesinho", "oligarca" e aliado do "imperialismo ianque", entre outros adjetivos. A própria realização das eleições nesta semana, aniversário do fracassado golpe que derrubou Chávez no dia 11 de abril de 2002 e fracassou no dia 13, fortalece essa associação. O antigo bordão chavista "Não voltarão" segue tão utilizado quanto o madurista "Chávez vive, a luta segue".


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