Futebol

Fãs estendem vigília, e homenagens a Fernandão seguem no domingo

Luto


08/06/2014



Assim como nas comemorações dos muitos títulos que Fernandão conquistou pelo Inter, a vigília em homenagem ao ídolo se estendeu pela madrugada e ganhou a manhã deste domingo, em frente ao Beira-Rio. Com os mesmos sinalizadores e instrumentos musicais que celebraram os títulos do Mundial e da Libertadores, os torcedores colorados choraram a perda do eterno camisa nove na noite deste sábado. Barulho que foi trocado pelo silêncio no dia seguinte. Silêncio que diz muito sobre quem foi Fernando Lúcio da Costa. Exemplo de caráter e liderança, característica tão ressaltada por dirigentes e ex-companheiros, o atacante morreu na madrugada deste sábado, em acidente de helicóptero no interior de Goiânia.

Fiéis ao ex-atacante, os fãs se mantiveram em frente ao Centro de Visitantes Gigante Para Sempre, espaço que virou uma espécie de memorial ao capitão do Mundial, e até mesmo rebatizaram o local, que se tornou "Centro de Visitantes Fernandão, Gigante Para Sempre". Prometendo jamais abandonar aquele que tanto fez pelo Inter, os colorados deixaram centenas de mensagens, flores e cartazes no local. Todos com uma última homenagem ao ídolo.

Neste domingo, colorados que viveram diferentes épocas na arquibacanda, incentivando o clube, chegam para deixar suas últimas palavras ao ídolo na parede. Muitos choram, rezam, colam cartazes e deixam cartas e camisetas. Outros registram em fotos a última lembrança do capitão.

O chão em frente ao local foi tomado por flores e homenagens, além de canetas, que facilitam o processo. Comovido, o torcedor Laion Garcia escreveu "Do gol mil até as cinco da tarde no Mundial" na parede e reforça a idolatria por F9.

– É bastante triste. Ele chegou comigo em Porto Alegre. Era novo, recém ia aproveitar a vida depois de se aposentar. A gente sofreu muitos anos, e ele mudou nosso cenário. Fez o Inter voltar a ter a grandeza. É bem emocionante, difícil de me conter – afirma.

O colorado Felipe Candarelli não esconde a comoção pela perda do ídolo. Às lágrimas, ele relata o episódio em que conseguiu o autógrafo de Fernandão na camiseta que vestia para prestar sua homenagem.

– Tirei a camisa do armário na hora em que fiquei sabendo. Estou com ela desde ontem. Nao tem o que dizer é uma perda muito grande. Ganhei a camisa do meu pai, que era amigo de um dos jogadores. O Fernandão me deu a camisa dele e autografou. Pra mim ele é o maior. Eu lembro até hoje. Vi ele correndo no gramado e me perguntei "será que esse cara vai jogar?". E ele virou tudo o que é – ressalta.

Aos 68 anos, o torcedor Carlos Severo ressalta o papel do camisa nove, que reafirmou o nome do Inter no cenário do futebol internacional.

– Passei pelas fases boas e as ruins. Hoje não tem como explicar. Ele nos deu tudo. Mudou a história do Inter. É como perder uma pessoa da familia. Eu conversei com ele muitas vezes, quando ia aos jogos. Ele não foi o melhor jogador da história, mas foi o mais importante – afirma, à lágrimas.

A movimentação em frente ao Beira-Rio iniciou no início da manhã deste sábado e se intensificou ao longo do dia. À noite, centenas de colorados se concentraram em frente ao memorial improvisado, comovidos com a perda de Fernandão. Transformaram a avenida Padre Cacique em arquibancada para louvar o eterno capitão. Como não poderia ser diferente, os cânticos exaltavam o camisa 9:

– Te amo Inter. Para sempre Fernandão irá viver – entoavam.

Em um dos momentos mais marcantes, os colorados fizeram uma roda e deram as mãos, gesto que marcou a conquista do Mundial do Inter, em Yokohama, no Japão. Puxados por Fernandão naquele 17 de dezembro, os jogadores se reuniram no vestiário antes de entrar em campo para bater o Barcelona de Ronaldinho Gaúcho por 1 a 0. Em outro, o ídolo foi homenageado com a oração do Pai Nosso, seguido de uma salva de palmas e cânticos de "Uh, terror! Fernandão é matador".

O acidente

Fernando Lúcio da Costa voltava de sua casa em Aruanã, cidade no interior de Goiás, localizada a 315 km de distância da capital. Além de Fernandão, estavam no helicóptero e não sobreviveram mais quatro amigos: Edmilson de Souza Leme (vereador de Palmeiras de Goiás), Antônio de Pádua, Lindomar Mendes Vieira (funcionário da fazenda) e o piloto, identificado como Milton Ananias.

Segundo a Polícia Civil, a aeronave levantou voo da fazenda que pertencia a Fernandão por volta de 1h e caiu segundos depois sobre um banco de areia (uma pequena praia de água doce) às margens do rio Araguaia, capotando diversas vezes. O local do acidente fica a 15km do centro de Aruanã. O ex-jogador chegou a ser levado para o hospital da cidade, mas faleceu pouco depois.



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