Economia

Exportações da Paraíba aos EUA entram no radar de prejuízos com tarifa de Trump; foram quase 10 milhões de dólares este ano


10/07/2025

Portal WSCOM

As exportações da Paraíba para os Estados Unidos somaram US$ 9,88 milhões entre janeiro e junho de 2025. Os EUA seguem como destino de 12,4% do que o estado vende para fora do país. Esse número agora preocupa após a decisão do presidente Donald Trump de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.

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A medida norte-americana deve ter impacto sobre a balança comercial da região Nordeste, segundo projeção da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Um estudo realizado estima que a região poderá perder até R$ 16 bilhões por ano com o novo “tarifaço”, considerando o total exportado para os Estados Unidos em 2024.

O coordenador de Estudos, Pesquisas, Tecnologia e Inovação da Sudene, José Farias, avalia que o aumento pode levar a perdas relevantes para a economia regional. “Estamos falando de uma pauta muito diversificada, indo desde ligas de aço, passando por pastas químicas, pneus e variados produtos da agropecuária (tipicamente commodities)”.

Ele destaca que a taxação extra tende a tornar os produtos nordestinos menos competitivos.

“Será uma perda significativa para a economia regional, caso este mercado seja fechado, uma consequência natural diante do aumento expressivo nos preços de mercadorias, conforme a lei da oferta e da procura mostra”.

Ceará, Bahia e Maranhão devem sentir os maiores efeitos da taxação, por concentrarem a maior fatia das exportações da região. Juntos, esses três estados foram responsáveis por 84,1% dos US$ 1,58 bilhão exportados entre janeiro e junho de 2025. No ano passado, Bahia, Maranhão, Ceará e Pernambuco exportaram, somados, US$ 2,5 bilhões para os EUA.

Os produtos mais afetados por estado devem ser:

Ceará: aço, frutas, pescados e calçados;

Bahia: cacau (US$ 46 milhões), óleos, pneumáticos (US$ 42 milhões) e frutas;

Maranhão: pastas químicas e minérios.

Farias alerta ainda para o impacto indireto da tarifa.

“Os compradores norte-americanos naturalmente iriam procurar outros fornecedores no mercado mundial, refletindo não só na perda do PIB e de empregos, mas trazendo também consequências indiretas bem mais pesadas sobre a cadeia produtiva regional, pois os produtos exportados, em geral, suportam uma longa cadeia de atividades no território, mesmo para aqueles produtos primários, como é o caso do cacau enviado para os EUA”.

O superintendente da Sudene, Danilo Cabral, também criticou duramente a decisão do governo norte-americano.

“Ao mesmo tempo em que um país exporta, também é importador. O mercado nordestino importou quase US$ 6 bilhões, ou seja, R$ 33,5 bilhões, em 2024 em produtos norte-americanos. Aplicando a regra da reciprocidade, os norte-americanos têm bem mais a perder do que a ganhar com a medida de seu presidente”, afirmou.



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