Paraíba

Ex-senador Roberto Cavalcanti aborda a crise empresarial na mídia em artigo

artigo


12/03/2015



O ex-senador Roberto Cavalcanti, líder do Sistema Correio de Comunicação, abordou a crise presenciada atualmente no mercado empresarial, sobretudo pelas empresas da área da comunicação, em artigo publicado nesta quarta-feira (12). O empresário tem coluna diária no jornal Correio da Paraíba.

Roberto Cavalcanti abordou o orgulho de jornalistas e empresários, a exemplo de João Manoel de Carvalho, Neno Rabello e Fabiano Gomes, que abortaram a circulação de importantes periódicos paraibanos, a exemplo, respectivamente, do jornal Contraponto e das revistas A Semana e Politika.

“Nesta pátria mãe não tão gentil, o empreendedor é cercado pela insegurança. Toda a sorte dela: jurídica, tributária, trabalhista, cambial, financeira, logística. Por isso as empresas morrem, sepultando junto o emprego, a renda e o crescimento do País”, escreve Roberto Cavalcanti.

Confira o artigo do ex-senador, na íntegra:

Espelho da crise

Criado dentro de uma família de intelectuais, os livros que mais me atraíram sempre foram as biografias de empreendedores. É lá, em meio a estas histórias, que exercito meu lirismo.

E foi em meio a esta “literatura” que entendi: o empreendedorismo está para mim como a reza está para o religioso. Ou a letra está para o poeta. Sou, por essência, um homem empreendedor.

Adoro ver planos germinarem, acontecerem, ganharem corpo e musculatura nos tecidos social e econômico de uma região.

E o momento mais fascinante deste processo é o nascimento.

Sem dúvida, o momento sublime de uma empresa ocorre na materialização (em pedra e cal) do que já foi sonho.

Arrisco até a dizer que o dia a dia operacional de uma empresa por vezes me fatiga. Vê-la nascer, porém, é fenômeno tão mágico quanto a concepção biológica.

Deve ter sido este sentimento que embalava Assis Chateaubriand ao fundar o Diário da Borborema e dar sequência a O Norte.

Deve ter sido emoção análoga o que sentiu o guerreiro jornalista João Manoel de Carvalho ao parir seu jornal Contraponto; o que embalou Neno Rabello a tocar a revista A Semana; o que moveu Fabiano Gomes a imprimir o primeiro número da revista Politika.

Se testemunhar o nascimento é tão intenso, imaginem o que é assistir a morte.

Só quem empreendeu o trabalho obsessivo que envolve a constituição de uma empresa – especialmente no Brasil – pode dimensionar quão traumático é seu desaparecimento.

Tudo é dificuldade; tudo requer tenacidade ao extremo.

Na gíria empresarial, costuma-se dizer que é necessário matar um leão por dia dentro de uma empresa. Mas isto era em outra época. Hoje é preciso matar um bando.

E nem é para crescer.

É para resistir, sobreviver, manter-se vivo diante dos desmandos do Brasil.

Nesta pátria mãe não tão gentil, o empreendedor é cercado pela insegurança. Toda a sorte dela: jurídica, tributária, trabalhista, cambial, financeira, logística.

Por isso as empresas morrem, sepultando junto o emprego, a renda e o crescimento do País.

Já não mais acredito, mas ainda torço para que os sinais vitais desse organismo em risco voltem à normalidade, propiciando condições mais decentes aos brasileiros que trabalham para construir um país de prosperidade.

Torço, principalmente, para que a competência e obstinação consigam estancar o ciclo de mortes – cada dia mais precoce – que enlutam o empreendedorismo nacional e atingem fortemente nosso segmento.

E é preciso ser realmente muito obstinado para sobreviver em uma economia que tem a configuração de um eletrocardiograma – oscilando de um extremo a outro. Pois o coração que bate nesta nação não está saudável.



Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
// //