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Ex-segurança de carro-forte, Pezão revela pacto com Cigano pelo cinturão

pelo cinturão


05/03/2013



O tema "luta entre amigos" é até hoje uma das maiores polêmicas do UFC. Mas se depender de Antônio Pezão e Junior dos Santos, o assunto está bem resolvido. Em entrevista, o paraibano afirmou que fez um pacto com o companheiro para que eles só se enfrentem se o combate valer o cinturão dos pesados do Ultimate.

"É difícil essa situação. Você nunca quer lutar contra um amigo. Já conversei com o Cigano sobre isso e decidimos que só nos enfrentaríamos se fosse pelo cinturão. Se não houver disputa do título, não há porque fechar essa luta. Nenhum dos dois aceitaria", declarou o paraibano, que será o próximo desafiante do campeão Cain Velásquez, em maio.

Antônio Pezão também comentou detalhadamente sobre a preparação para a revanche contra o americano no UFC 160. O desafiante número 1 dos pesados falou ainda do passado como segurança de carro-forte em Campina Grande e disse que provavelmente teria continuado na profissão se não tivesse virado um lutador profissional.

Confira os principais trechos da entrevista:

UOL Esporte – Dana White não quis anunciar logo após a vitória sobre o Overeem que você seria o próximo a disputar o cinturão. Mas alguns dias depois, ele confirmou que você enfrentaria o Velásquez. Acha que provou a todos que merece ser o desafiante número 1?

Pezão – No momento, acho que mereço mais que os outros. O Dana chegou a falar que o Werdum poderia lutar pelo cinturão se vencesse o Minotauro, mas eles só lutam em junho. Não seria interessante para um campeão ficar mais de nove meses parado. Para mim foi maravilhoso isso e acho que é merecido, pois o UFC vem me dando ótimas lutas, oponentes muito bons. Depois do evento (UFC 156), eles realmente não confirmaram de cara que eu enfrentaria o Cain Velásquez, pois eu meio que estraguei o plano anterior deles com a minha vitória. Então, tiveram que sentar e conversar novamente, mas resolveram me dar essa oportunidade. Agora vou treinar para trazer o cinturão novamente para o Brasil.

UOL Esporte – Suas últimas vitórias foram contra lutadores que eram considerados favoritos. Agora, você é novamente o azarão contra o Cain Velásquez. Acha que luta melhor desta forma?

Pezão – É verdade, já estou bem acostumado com essa situação, pois entro como azarão na maioria das lutas. Mas isso é bom, fico com mais energia. Ouço muitos comentários de algumas pessoas falando que não dá, que não vou conseguir. Lembro até que um dia antes da minha última luta cheguei a postar a frase "O impossível não existe". A palavra impossível só existe no dicionário. Isso me dá mais energia e vontade de mostrar às pessoas que posso chegar longe.

UOL Esporte – E se você ganhar defenderá normalmente o cinturão contra o Cigano?

Pezão – É difícil essa situação. Você nunca quer lutar contra um amigo. Já conversei com o Cigano sobre isso e decidimos que só nos enfrentaríamos se fosse pelo cinturão. Falamos até mesmo antes da última vez que ele enfrentou o Velásquez. Se não houver disputa do título, não há porque fechar essa luta. Nenhum dos dois aceitaria.

UOL Esporte – Seu último rival era um cara bastante provocador. Mas agora lutará contra um adversário que costuma ser respeitoso, sem polêmicas. Isso muda algo para você?

Pezão – O Cain Velásquez é um ótimo profissional, ele é tranquilo. O que ele tem que fazer, faz dentro do octógono, sem muita falação. O Cain não quer ganhar a luta fora do octógono e nem dar show para a mídia. Acredito que sou da mesma forma e agora vamos fazer uma luta bem profissional. É até melhor para o público isso.

UOL Esporte – Em sua primeira luta contra o Velásquez, ele aproveitou para contra-atacar um chute-baixo seu. Depois, disse que estava esperando aquele chute para te derrubar. O que você fez de errado e o que mudará para a revanche?

Pezão – Eu não segui as instruções do meu treinador na ocasião. Não foi aquilo o que eu treinei. Era minha primeira luta no UFC e era ainda contra um ex-campeão do evento. Estava com muita vontade e esqueci a estratégia naquele momento, fiz o que deu na minha cabeça e não pode ser assim. Realizamos um trabalho durante meses e não poderia ter feito aquilo. Estamos em um nível muito alto e não há espaço para erros. Mas valeu a pena porque aprendi muito depois da derrota.

UOL Esporte – Mas qual foi o seu erro exatamente? O que tinha pensado em fazer?

Pezão – Estava treinando bastante os chutes. Treinei muito com o Mark Hunt na época e ele insistiu para eu acreditar nos chutes, pois estavam muito fortes e pesados. Mas tinha que ter feito um trabalho de mão antes. Primeiro tem que trabalhar os socos e não fiz isso.

UOL Esporte – Como você avaliou a luta do Velásquez com o Cigano? Ficou impressionado?

Pezão – Ele foi muito estratégico e correu o risco de ser nocauteado, mas teve muita atitude. O Cain queria reconquistar o cinturão e foi em busca disso. Fiquei muito triste, pois o Cigano é um grande amigo. Mas o Velásquez venceu por mérito dele, mereceu a vitória. Não sei o que aconteceu com o Cigano, que não jogou o jogo dele e ficou um pouco apático. Pode ser que ele tenha sentido o golpe do Velásquez no começo da luta. Depois de um golpe pesado, às vezes não nos recuperamos. É complicado, só sabe quem tá lá dentro.

UOL Esporte – O Cain demonstrou novamente que tem um gás fora do comum para a categoria. Você mudará algo na sua preparação física?

Pezão – Ele é um atleta que luta cinco rounds e cansa muito pouco. Não dá para fazer uma estratégia para cansá-lo, isso não funciona. Contra o Overeem eu sabia que no terceiro round ele ia cansar. Contra o Cain Velásquez isso não existe. Basicamente, a preparação física será crucial nessa luta.

UOL Esporte – Você acertou um patrocínio com sua cidade natal Campina Grande-PB. Como foi isso?

Pezão – Fechei um acordo com a prefeitura para promover o maior São João do mundo. Começa no dia 7 de junho e acaba 7 de julho. Vou ser o garoto-propaganda dessa grande festa e quero ir para lá comemorar na minha cidade com o cinturão. Já tínhamos conversado antes e ficou muito em cima para a luta contra o Overeem, mas agora está tudo certo. O pessoal gosta muito de UFC por lá. Os bares fecham e todo mundo acompanha. Não é uma cidade tão grande, tem umas 500 mil pessoas, mas o pessoal acompanha bastante, ainda mais quando eu luto.

UOL Esporte – Se você não tivesse se tornado um lutador profissional, estaria fazendo o que hoje?

Pezão – É difícil falar, mas acho que estaria continuando a trabalhar como vigilante. Tinha curso de segurança e tudo mais. Trabalhava com a segurança de carro-forte. Era um trabalho bem perigoso. Às vezes poderia estar trabalhando com isso até hoje se não fosse lutador.

UOL Esporte – É um trabalho perigoso. Chegou a acontecer algo de mais grave nessa época?

Pezão – É bastante perigoso. Trabalhei assim por cerca de um ano. Comigo não aconteceu nada de grave. Alguns amigos já sofreram algumas ameaças e coisas assim, mas graças a Deus que não aconteceu nada de mais grave com eles.



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