Geral

Estou Tiririca da Silva!


05/10/2010



E as eleições terminaram. Depois de tantos anos acompanhando ora por dentro dos panfletos, ora mais off road, a gente sempre se surpreende com os resultados das urnas. E se as instituições de pesquisa trabalham com tendências e erram toda hora, quem de nós mortais há de prever alguma coisa. E quem há de negar que essa lhe é superior!

Particularmente, intui o crescimento estrondoso de Marina. Lembrava toda hora da eleição de Lula em 1989, onde todos os artistas, intelectuais, cults, se apresentavam vaidosos do metalúrgico e do PT, ostentando camisetas, broches, e cantando Lula lá. Gosto de Marina. Acho-a elegante no sentido mais amplo do que essa palavra possa ter. Gostei das suas palavras pós debate, quando falou que ela significava o feminino na agenda. Votei em Dilma, por outras questões, mas confesso que tinha inclinação por essa outra candidata frágil/forte que vinha dos seringais, e como outros 20 milhões de brasileiros, também me sensibilizei pelas suas andanças e discursos.

No privado, me frustrei novamente. Não entendo certos raciocínios, e a tal dança das cadeiras. Vibrei com certas derrotas. Chorei uma outra especial, caseira, amorosa, íntima. Muito barulho por nada! Tanto investimento visceral. Tanto talento e competência. Tanto trabalho. Passando por cima de tantas coisas maiores para mim, em nome de uma justiça social que não vejo, não pego e nem sinto….E cada vez menos entendo….

Estou Tiririca!

Sei que é a tal da democracia. Que o outro caminho não nos interessa. Mas me contorço quando vejo um palhaço sem graça, se fazendo de tonto/esperto e a grande massa torpe, revoltada com as manchetes dos escândalos, outorgam-lhe o poder de ser representados por um incompetente. Mas onde está essa competência? Será que o meu candidato é mais verdadeiro que um milhão de votos dos outros? Com certeza que não. E ficamos a ver os inúmeros jornais, analistas , entrevistas, para melhor desvendar esses mistérios das chamadas urnas, e da hora solitária do voto. Um sopão aqui! Uma lástima acolá… Um Girassol vitorioso mais adiante, um senador que agradece os votos da cidade. E um silêncio que quebra os tambores das festas e celebrações.

Em meio a tantos sentimentos, os meus particulares estavam meio que adormecidos. Fui picada pelo mosquito da dengue, e nas últimas três semanas de dores pelo corpo inteiro, pintas rosa choque nas pernas, febres e calafrios, náuseas e inapetências, só uma coisa me interessava: saúde! Pois ainda estou com as pernas bambas; ainda me sinto sobrevivente; e mesmo com a vigilância sanitária rondando meu quintal em vão, estou em guerra com todos os mosquitos. E morando no Bessa….já não tenho tanto sossego!

E para distrair as feridas, o jeito foi Comer, Rezar e Amar nos braços de Javier Bardem.
Saí do Filme rezando…..Louca para por em prática meu sonho de ir para Toscana. Louca mais ainda por Javier Bardem…louca por Spaghetti à Carbonara; louca pelos italianos; louca por Julia Roberts e seu ar blazé, filmando com todos aqueles homens lindos e ainda dando conta de 3 filhos, gêmeos e o maior cachê do cinema….

E viajando nas minhas buscas espirituais/matérias que já vivenciei; nas minhas deliciosas memórias por Machu Pichu, pelas Ilhas Gregas ( Boat is boat! fuck is fuck! Já dizia Shirley Valentine). Por Diamantina e Ouro Preto, ou simplesmente por Baía Formosa nos anos 80. Também revi meus mantras através do ator Richard Jenkins, que trabalhou em Hannah e suas irmãs, Neve caindo sobre Cedro (bárbaro! um filme belo que ganhou melhor fotografia em um Oscar aí, e que está baratinho nas prateleiras das Americanas), Colcha de Retalhos, e mais recentemente O Visitante, pelo qual foi indicado ao Oscar de melhor ator. Acho-o super sexy, e na India então….

Dizem os críticos que a comédia romântica é filme para boi dormir, ops! Para os homens dormirem. Talvez por esse sono dos justos (!) é que as mulheres continuam buscando à Toscana, os italianos, os templos e as praias desertas….Enquanto os maridos, com qualquer mulher-frutinha já se dão por satisfeitos. Quanto apetite! Acho que nós mulheres somos mais viajantes! Os homens talvez mais turísticos! E enquanto andarilhas, o lugar não é o mais importante, mas a travessia e o caminho. Tropeçando sempre nos Javier da vida, com trilha sonora brasileira e sotaques também.

E chega de filosofia e de análises de conjuntura!

E de vitórias, derrotas, mosquitos e fantasias mares adentro…..a vida continua, ou ainda como diz o candidato of my own….A luta continua.

Ana Adelaide Peixoto – João Pessoa, 5 de outubro 2010
 



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