Economia
Empresas dos EUA contra tarifas de Trump tentam proteger importações de café e cacau do Brasil
Setores americanos se articulam para pedir exceções nas tarifas de 50% anunciadas por Trump, com foco em produtos brasileiros como café e frutas.
18/07/2025

(Foto: reprodução)
Portal WSCOM/ Brasil 247
Não são apenas os brasileiros que estão preocupados com as tarifas de 50% sobre as exportações do país, anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo a CNN Brasil, entidades e empresas norte-americanas estão se articulando para uma ofensiva para barrar os impactos negativos da medida. As estratégias se baseiam em propor ao governo estadunidense uma lista de exceções de mercadorias, principalmente envolvendo bens naturais que não possuem grande produção dentro do país.
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A proposta parte de setores que seriam diretamente atingidos pelas novas taxas. A National Coffee Association (NCA), maior entidade do setor cafeeiro dos EUA, é uma das protagonistas dessa mobilização. A informação foi confirmada por Eduardo Heron, diretor técnico do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), que tem mantido interlocução direta com empresas americanas em meio à crise tarifária.
O café aparece no centro das preocupações, já que praticamente toda a demanda interna dos Estados Unidos depende de importações. O Brasil é o maior fornecedor do produto aos americanos, sendo responsável por cerca de 35% do total de grãos comprados pelo país. “As incertezas são muitas, inclusive sobre cargas já embarcadas”, afirmou Heron, destacando que ainda não está claro se os produtos em trânsito ao território americano estarão isentos da nova tarifa, caso cheguem após 1º de agosto.
Entre as empresas que podem ser mais impactadas está a rede Starbucks, símbolo global do café norte-americano, que compra do Brasil cerca de 22% dos grãos que utiliza. Um eventual aumento nos custos pode levar ao repasse nos preços ao consumidor final, num mercado em que 76% da população consome café regularmente.
Ainda de acordo com a reportagem, além do café, outros produtos brasileiros também podem ser incluídos na lista de exceções. É o caso das frutas tropicais, especialmente a manga — item cuja produção doméstica nos EUA é mínima. O Brasil ocupa a terceira posição entre os exportadores do fruto para o mercado americano, com cerca de 8% das vendas. O cacau é outro exemplo relevante. Embora pouco lembrado nesse debate, o produto é um dos dez principais itens da pauta de exportações do agro brasileiro para os EUA, que entre 2020 e 2024 responderam por, em média, 18% das compras internacionais do cacau nacional.
A logística é um fator central nessa disputa comercial. Segundo o Cecafé, mais de 70% do café exportado do Brasil para os Estados Unidos sai pelo Porto de Santos (SP), e chega por Nova Orleans (30%) e Nova York (15%). Como o trajeto marítimo pode durar até 30 dias, cargas já enviadas correm risco de desembarcar após a entrada em vigor das tarifas, o que acentua a insegurança jurídica para os exportadores.
Diante desse cenário, uma das principais reivindicações do Cecafé ao governo brasileiro é a negociação com os EUA para adiar a implementação das medidas por ao menos 90 dias. O pedido é compartilhado por diversos setores da economia nacional, da agroindústria ao setor fabril, que temem os efeitos colaterais da política tarifária anunciada por Trump.
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