Paraíba

Em João Pessoa, terrenos abandonados servem de depósito para larvas

CAMPANHA NACIONAL


13/02/2016

Os casos registrados têm a ver também com acumulo de lixo em terrenos baldios. Imagine que ao lado da sua casa há um terreno baldio. Diuturnamente, pessoas de outras casas próximas ao terreno, e até mesmo de outros bairros, usam esse espaço como depósito de lixo para móveis velhos, infinidades de descartáveis e materiais orgânicos. Em pouco tempo, seu filho é diagnosticado com zika vírus e a filha da vizinha com dengue. Diante dessas circunstâncias, é possível imaginar a origem dos criadouros dos mosquitos que transmitiram essas doenças?

É essa a realidade dos moradores de um trecho da Rua Silvino Chaves, bairro de Manaíra, em João Pessoa. A advogada Valneide Costa mora na casa vizinha ao terreno há quatro anos. “Entre abril e maio derrubaram essas duas casas, aí ficaram duas piscinas enormes, mas só depois de tanto eu ligar e reclamar eles tamparam essas piscinas. Na verdade, eu não sei quem é o dono do terreno. Ano passado meu filho teve zika e acredito que foi por conta das piscinas”.

Valneide reclama que além do local ser constantemente utilizado como depósito de lixo, é também usado por usuários de drogas e esconderijo para assaltantes. E complementa: “Isso serve à noite de motel para casais, botaram um colchão e um sofá agora aí e o pessoal deita e fica fumando e eu vejo da janela. Minha filha já foi assaltada aqui na porta de casa. Alguém tem que tomar alguma providência porque eu já não aguento mais”.

O problema da piscina também foi relatado por Rhayane Carvalho, que mora próximo ao local. “Hoje não está tão ruim como antes, há o problema do lixo que também pode trazer doenças, mas antigamente estava bem pior por conta da piscina que sempre estava cheia de água. Eu já tive dengue e estou suspeitando que esteja de novo”, comentou a estudante.

Próximo à Avenida Rui Carneiro, outro terreno baldio está tirando o sossego dos moradores vizinhos. O funcionário público Estênio Bandeira reclama que os donos do terreno limpam o espaço todo mês, mas que a população local e de outros bairros não respeitam e continuam jogando lixo no local que está murado, mas com alguns buracos com espaço suficiente para que uma pessoa possa passar.

“Os donos pagam alguém para limpar tudo aí, eles limpam hoje e no outro dia as pessoas vêm e jogam móveis e eletrodomésticos no terreno. A gente já pintou até esse nome aí [proibido colocar lixo], mais continuam jogando lixo do mesmo jeito. E quem bota lixo é o povo daqui mesmo, vem gente rica, para a caminhonete aqui e despeja seu lixo. Já falei até com minha mãe pra gente colocar uma câmera pra flagrar quem faz isso”, revelou Estênio.

Ele disse que não mora na casa, mas visita os pais todos os dias e felizmente não houve nenhuma queixa sobre possíveis sintomas de zika, dengue ou chikungunya.
“Meus pais moram aqui. Eu e meu irmão visitamos eles todos os dias, moro pertinho e venho sempre aqui para ver como eles estão de saúde. Eles nunca se queixaram de sintoma que seja constatado suspeita de doença”, finalizou.

Rodrigo Rodrigues – Especial para A União
 



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