O economista mineiro Gelton Pinto Coelho publicou uma carta em resposta às declarações do governador Romeu Zema que conclamou os estados do Sul e Sudeste a fazerem uma frente contra as regiões do Norte e Nordeste.

Para Gelton, o gestor cria “falsas polêmicas” para “buscar os espólios” do ex-presidente Jair Bolsonaro e viabilizar sua candidatura a presidência da República em 2026.

O economista também faz várias críticas a gestão de Zema e ressalta que muitos mineiros não são “ruins como o Zema”. “É gente que trabalha, que acolhe, que ama, que constrói sem menosprezar ninguém”, diz.

Ele ainda afirma que a população de Minas Gerais tem uma “imensa e profunda gratidão pela luta do povo nordestino que ajudou muitas das nossas cidades a serem lindas como são hoje”.

Leia a carta de Gelton:

Carta aos amigos nordestinos

Minas são muitas e nem todas as pessoas colocam seus interesses pessoais à frente de nossa tradição acolhedora e fraterna como o atual governador faz.

Para contextualizar o atual momento, Minas tem uma dívida estrondosa que se ampliou por má gestão de Zema. Seu interesse duvidoso em privatizar empresas públicas encontrou em Bolsonaro parceiro perfeito. Graças aos nossos deputados e deputadas da legislação passada não foi assinado um acordo que seria muito lesivo ao estado, aos servidores e também à população. Zema foi péssimo na gestão da saúde, incompetente na gestão da educação e nossas estradas se encontram em situação vexaminosa ao contrário das estradas que circulei pelo nordeste nos ultimos anos. Os servidores públicos, alguns inclusive que votaram no atual governador, são perseguidos e não tem seus salários ajustados corretamente sendo vistos e declarados pela equipe de Zema sempre como problema e não como solução. Apesar de Zema, temos uma polícia militar extremamente comprometida garantindo uma segurança que talvez poucos lugares do país possam oferecer.

Neste cenário, repetindo Bolsonaro, ele cria falsas polêmicas para alcançar a mídia nacional e buscar os espólios do inelegível. Sua intensão pessoal de se candidatar à presidência o levou nos últimos meses a declarações que não condizem com o cargo que exerce e nem com a opinião dos mineiros e mineiras.

Minas é um estado enorme e centralizado, portanto com muitas divisas e diálogos. Somo mineiros com tintas baianas inclusive sempre lembradas no carnaval de Belo Horizonte que hoje é um dos melhores do país. Curtimos uma sofrência com boa influência do povo goiano. Em Juiz de Fora nosso sotaque é carioca assim como na divisa de São Paulo nosso R se ressalta no linguajar. Na divisa com o Espírito Santo temos um espetacular Parque Nacional do Caparaó. É uma mistura maravilhosa de religiosidade, cafés e muitas cachoeiras. A fronteira com o Mato Grosso do sul é de uma espetacular convivência.

Minha carta tem como objetivo convidar vocês a visitarem nosso estado. Tem gente ruim como o Zema mas a maioria não herdou fortunas. É gente que trabalha, que acolhe, que ama, que constrói sem menosprezar ninguém. A grande característica da política mineira sempre foi buscar caminhos conjuntos para a felicidade do povo brasileiro. Temos imensa e profunda gratidão pela luta do povo nordestino que ajudou muitas das nossas cidades a serem lindas como são hoje. Espero que apesar de zemas e afins, vocês possam escutar esse “sudestino” que dentro das possibilidades divide o coração entre Minas e o nordeste em especial. Confesso meu amor pelo país todo dentro da sua diversidade mas até o momento pude escolher e frequentar mais profundamente as minhas Minas e parte do nordeste.

Um forte abraço do “sudestino”, mineiro e economista Gelton Pinto Coelho.

Perfil

Gelton Pinto Coelho é um economista que morou em Joao Pessoa por três anos e foi muito bem acolhido pelo povo paraibano. Membro efetivo do Conselho de Economia de Minas Gerais estuda de maneira mais cuidadosa temas como pobreza, renda e desenvolvimento econômico. Exerceu o cargo de controlador geral no município de Ribeirão da Neves.

Na prefeitura de Belo Horizonte foi Diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios na empresa de Turismo. Exerceu a função de coordenador de educação no Circuito Liberdade onde junto com colegas desenvolveu projeto finalista de gestão pública no governo de Minas.

Atualmente atua e estuda o envelhecimento saudável da população brasileira.