Geral

EM BUSCA DO TEMPO PRESENTE


25/10/2003

Tempo, tempo, tempo, foi sempre uma preocupação do homem e também o seu enigma – a noção de finitude, o tempo passado, o perdido, o tempo futuro….e lá se vai o tempo! Eu sempre me estarreci diante do tempo; No sentir sempre me achei à frente do meu próprio tempo.

Paradoxalmente no fazer, sempre tive a sensação de estar aquém. É como se estivesse sempre atrasada, o meu ritmo certamente é em uma rotação mais lenta, o que nos dias de hoje com certeza gera certos impasses, e as vezes algumas enxaquecas.
    
Pois esta semana, assisti uma entrevista com Rosiska Darcy de Oliveira, no programa da TV Cultura Roda Viva, sobre a `Re-engenharia do Tempo´, título do seu mais recente livro. E me sentí referendada nas minhas questões mais profundas acerca do tempo, da vida pessoal e do lugar do privado nas nossas vidas.

Tomei conhecimento dessa fantástica mulher, há alguns anos através do seu livro `Elogia da Diferença´, que com certeza foi divisor de águas na minha vida.Ao ouvir Rosiska, senti uma sensação maravilhosa, de que realmente estava eu no bonde certo. Um bonde chamado desejo?! O desejo de gastar bem o meu tempo. De Ter tempo para o lazer, para a família, para os meus ócios, os meus filhos, o meu nada, ou simplesmente o meu estado de contemplação da vida.
    
Rosiska falou da utopia do tempo. De como nós, no século XXI, temos a necessidade de reorganizar o nosso tempo. Pois time is not money! E não somos necessariamente `the company man´, para usar termos essencialmente do supra sumo da sociedade de consumo americana. Falou também de como a sociedade sempre esteve à ocultar o privado, pelo fato da família ser a grande rival das empresas, pois distrai os funcionários…E como este silêncio ou negligencia ao pessoal gerou danos à todas as relações pessoais.

O movimento de mulheres trouxe a problemática do tempo à tona; como recuperar o poder do tempo, discutir a falta de tempo como o fator de maior infelicidade das pessoas. Foram também as mulheres, que transformaram na nova estrutura da família e com isso também a multiplicação das horas. A grande questão seria: O que fazer nos intervalos! Apreciar ritmos outros; des-ocultar o privado; estabelecer o lucro da felicidade; dilatar o sentido da vida, tendo o tempo como o vetor para a felicidade.
    
A pesquisa de Rosiska é resultado do seu trabalho à frente da formação de liderança de aproximadamente de 400 mulheres, onde a queixa maior dessas mulheres é a Exaustão! Onde a pessoa ocupada é a que tem o que dizer, e a grande sensação é a de que: Estamos morrendo depressa! A grande pergunta que se faz é: Onde está o seu desejo? E a resposta seria a de que cada um faz o seu sentido.
    
Lembro da grande surpresa para o mundo do rock, dos Beatles e dos Rolling Stones, quando John Lennon, já casado com Yoko, e morando em Nova York, resolveu dar um tempo na vida de homem-celebridade, para viver o homem-comum e pai. Passou a fazer suquinho para Sean, seu filho pequeno, e descobrir as delícias de ver um filho crescer, coisa, que hoje em dia poucas mulheres se dispõe a faze-lo.

Por fim, Rosiska chama a atenção para quando o ser humano se encontra em situação-limite, como estar no avião/ou torres gêmeas do 11 de setembro, as pessoas que tiveram tempo, ligaram não para as empresas, as contas bancárias, ou para o `sucesso´, mas ao invés, se despediram das suas famílias e dos seus amores.

FIM DO TEMPO!



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