O dono da Starlink e da rede social X, Elon Musk, classificou como  “abominável” o novo projeto de lei orçamentária que teve o apoio de Donald Trump, o que colaborou para um clima de tensão entre diferentes alas do Partido Republicano. O projeto, que enfrenta resistência no Senado, inclui cortes em subsídios para energia limpa e redução de incentivos fiscais para veículos elétricos, que impacta diretamente o Musk, cujo é dona da montadora Tesla. 

Segundo informações do site Axios, outro ponto que dificultou o atrito, foi a decisão de Trump de retirar a indicação de Jared Isaacman, um aliado de Musk, para liderar a Nasa. O empresário, que nos bastidores vem pressionando contra o texto, que agora com essa fala de Musk está no centro do debate político.

Na quarta-feira, nos corredores do Congresso, republicanos adotaram uma postura de cautela “O projeto pode melhorar, mas não é uma abominação”, disse o senador Lindsey Graham à BBC. “Vamos aprová-lo e depois trabalhar por mais cortes de gastos, como Musk sugere.”

Já o presidente da Câmara, Mike Johnson,  respondeu às críticas do bilionário durante uma reunião fechada com congressistas republicanos. De acordo com o “Politico”, ele buscou minimizar as ameaças do empresário de “demitir” os parlamentares que apoiaram a proposta.

A Casa Branca afirmou, por meio da secretária de imprensa Karoline Leavitt, que Trump “já conhece” a opinião de Musk. “Este é um projeto grande e belo, e ele continua firme em seu apoio”, declarou.

A posição contrária de Musk pode complicar a aprovação do projeto no Senado. A crítica pública dele pode fortalecer senadores mais conservadores, como Rand Paul (Kentucky), Mike Lee (Utah) e Ron Johnson (Wisconsin), que já se mostravam preocupados com o impacto do projeto sobre o déficit público. Elon Musk vem enfatizando em sua rede social X (ex-Twitter) postagens desses senadores, incluindo uma que traz o título: “Rand Paul e Elon Musk vs Donald Trump”.

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Caso o projeto tenha a maioria do apoio dos conservadores, forçando novos cortes em programas sociais, podem ter uma resistência por parte dos republicanos moderados, como as senadoras Lisa Murkowski (Alasca) e Susan Collins (Maine). Com a oposição dos democratas, os republicanos só podem perder três dos seus 53 senadores para garantir a aprovação da lei.

Murkowski evitou comentar diretamente as falas de Musk, mas reconheceu que ele é “um influenciador, e suas palavras têm impacto”.

Essa não é a primeira vez que Musk interfere em projetos do Congresso. No ano passado, suas críticas também ajudaram a derrubar uma proposta de gastos, gerando uma crise interna entre os republicanos.

Trump quer que o projeto esteja pronto para assinatura até o recesso do Congresso em 4 de julho. O plano prevê, entre outros pontos, um aumento de US$ 4 trilhões no teto da dívida pública. Segundo o Departamento do Tesouro, caso o limite não seja elevado até agosto, os Estados Unidos poderão enfrentar um risco inédito de calote.

Musk afirma que sua oposição está relacionada à escalada da dívida pública americana, que considera insustentável. Mas, ao travar a aprovação do pacote, o bilionário pode estar acelerando exatamente a crise financeira que deseja evitar.