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Venezuela sabe que precisa de eleição “altamente democrática”, diz Lula

Presidente disse que o país governado por Nicolas Maduro precisa se livrar das sanções dos Estados Unidos


07/03/2024

Presidente Lula recebeu Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, que estava impedido de entrar no Brasil desde 2019 (Foto: Ricardo Stuckert/Palácio do Planalto)

Reuters

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que ficou feliz com a marcação de uma data para a eleição presidencial da Venezuela neste ano, e afirmou que o próprio país sabe que precisa de um pleito “altamente democrático” para reconquistar seu espaço internacionalmente e se livrar de sanções dos Estados Unidos.

“A Venezuela sabe que precisa de eleições altamente democráticas para poder reconquistrar o espaço de participação cidadã nos fóruns mundiais que ela tanto precisa, e para que a gente possa ver o fim do bloqueio norte-americano na Venezuela”, disse Lula em entrevista coletiva ao lado do premiê espanhol, Pedro Sánchez, no Palácio do Planalto.

“Eu estou muito feliz que finalmente está marcada a data das eleições na Venezuela. E eu espero que as pessoas que estão disputando as eleições não tenham o hábito do ex-presidente desse país de negar durante todo processo eleitoral a lisura das urnas, a respeitabilidade da Suprema Corte e até uma ofensa aos eleitores que não votaram nele”, acrescentou.

O ex-presidente Jair Bolsonaro, derrotado por Lula na eleição presidencial de 2022, questionou diversas vezes, e sem apresentar provas, a lisura da votação em urnas eletrônicas e chegou a convocar uma reunião com embaixadores que atuam em Brasília para colocar em dúvida o sistema eleitoral brasileiro.

Ele foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) à inelegibilidade até 2030 por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação por ter promovido a reunião.

Na terça-feira, o Conselho Eleitoral da Venezuela anunciou que a eleição presidencial do país será realizada em 28 de julho deste ano. A data da eleição também é o aniversário do falecido presidente Hugo Chávez, que morreu em 2013 e foi mentor e antecessor do atual presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

No poder desde 2013, Maduro será candidato à reeleição, mas não está claro quem ele enfrentará como representante da oposição, após a Suprema Corte do país manter uma decisão que impede María Corina Machado, que venceu com folga as primárias da oposição em outubro, de ocupar cargos públicos, o que provocou a restauração de sanções impostas à Venezuela pelos Estados Unidos.

O governo e a oposição na Venezuela fecharam um acordo eleitoral em outubro para que a votação fosse realizada na segunda metade de 2024, com observadores internacionais — incluindo da União Europeia e da Organização das Nações Unidas (ONU) — supervisionando o pleito e cada lado podendo escolher seu candidato.

Alguns personagens da oposição expressaram dúvidas na época se Maduro cumpriria o acordo.

Apesar da escolhida nas primárias da oposição ter sido barrada de disputar a eleição, Lula disse na entrevista desta quarta-feira que não se pode lançar dúvidas sobre a lisura do processo eleitoral antes do pleito, e disse que Maduro, durante reunião bilateral na semana passada, garantiu o convite a observadores eleitorais do mundo todo.

“Acho que a comunidade internacional certamente tem todo interesse em acompanhar para saber se será a mais democrática eleição da Venezuela, e eu espero que seja porque acho que a Venezuela precisa disso. Agora, a gente não pode já começar a jogar dúvida antes da eleição acontecer… temos que garantir a presunção de inocência até que haja as eleições para que a gente possa julgar”, disse Lula.



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