Política

Eleições 2022: Paraíba não atinge 30% de candidatas ao Governo e Senado

Em todo o país, das 229 candidaturas ao Senado, apenas 52 (ou 22,7%) são mulheres. No Governo, são 39 candidaturas femininas (17,56%) de 222 candidaturas totais.


31/08/2022

Partidos políticos não se preocuparam com a representatividade na indicação para as vagas da Presidência, Vice-Presidência, Senado e Governo do Estado (Foto: reprodução)

Portal WSCOM



O Estado da Paraíba tem, ao todo, 8 candidaturas ao Governo. São 7 homens e 1 (12,5%) mulher concorrendo ao cargo. Quanto ao Senado, são 7 candidaturas, com apenas uma mulher.  Nesse contexto, se a cota dos 30% imposta pelo TSE valesse na disputa para essas duas cadeiras, o PB não cumpriria a regra.

A Paraíba não é exceção no cenário brasileiro. No total são 229 candidaturas ao Senado, com apenas 52 (22,7%) delas de mulheres. Ao Governo, foram registradas 222 candidaturas, frente a somente 39 (17,56%) candidaturas femininas.

No Senado, oito deles cumpririam a regra dos 30%. Dois nem sequer  têm candidatas nessa disputa. Já para o Governo, quatro UFs atingiram a marca dos 30%, enquanto  oito têm disputa exclusiva entre homens.

Estados com mais candidaturas femininas ao Senado

UF

HOMENS

MULHERES

NÃO INFORMADO

PROPORÇÃO

RS

4

4

1

44,4%

RO

4

4

50%

PE

5

4

44,4%

TO

7

5

41,7%

DF

6

4

40%

AC

5

3

37,5%

BA

4

2

33,3%

PR

7

3

30,0%

 

Estados com mais candidaturas femininas ao Governo

UF

HOMENS

MULHERES

PROPORÇÃO

MG

5

5

50%

PI

5

4

44,4%

PR

6

3

33,3%

RN

6

3

33,3%

 

De um modo geral, com exceção da disputa pelos cargos de deputado estadual e federal, os partidos políticos não se preocuparam com a representatividade na indicação para as vagas da Presidência, Vice-Presidência, Senado e Governo do Estado neste ano.

É o que mostra a segunda pesquisa da série “Perfil do poder nas eleições de 2022”, elaborada pelo Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos) em parceria com o coletivo Common Data, que revela o perfil dos candidatos, a partir do cruzamento de dados sobre gênero, raça/cor, patrimônio e posição ideológica, neste caso, usando a classificação de direita, esquerda e centro para os partidos.

Das 222 candidaturas aos Governos dos Estados e do Distrito Federal, 39 são de mulheres (17,56%): proporção bastante baixa se comparado à média geral (considerando todos os cargos). Lembrando que em 2018 foi eleita somente uma mulher ao cargo – Fátima Bezerra, do PT/RN.

Direita e Centro têm menos diversificação

Sobre esse último aspecto, o estudo revela que os partidos da direita são os que têm a maior parte de candidatos brancos (50,4%) e a menor concentração de negros, com 48% na soma de pardos e pretos, ao contrário da esquerda, cujos percentuais são, respectivamente, 44,1% e 54%.

Na questão de gênero, novamente, a direita é quem traz o pior índice de representatividade, com 20% de candidatas ao Senado. Na disputa ao cargo do governo do Estado, a direita tem apenas 5 mulheres, contra 83 homens pleiteando o cargo. Na esquerda, das 107 candidaturas, 28 são mulheres e 79 são homens.

As informações foram levantadas em 15/08, com base na extração dos dados do repositório do Tribunal Superior Eleitoral [1], e a classificação do espectro ideológico utilizada neste estudo é a do Congresso em Foco (2019).

“Apesar de ser a eleição com o maior número de candidaturas de mulheres e de negros, esse dado ainda está distante dos níveis de diversidade que o nosso Brasil precisa”, afirma Carmela Zigoni, responsável pelo estudo e assessora política do Inesc. “No que se refere ao recorte por partidos, em todos eles há desafios para o alcance da diversidade, mas fica claro que as candidaturas progressistas estão mais avançadas na tentativa de melhorar a representatividade racial e de gênero na política”, acrescenta.

Candidaturas em geral

Candidaturas em geral

Brancos

Pardos

Pretos

Mulheres

DIREITA

50,41%

37,03%

11,08%

32,14%

ESQUERDA

44,14%

33,03%

20,98%

35,73%

CENTRO

48,71%

36,75%

13,13%

33,18%

Candidaturas ao Governo do Estado

Governo do Estado

Brancos

Negros (Pardos + Pretos)

Mulheres

Amarela

Indígenas

NA

Total

DIREITA

59 (67%)

29 (32,6%)

5 (5,68%)

88

ESQUERDA

55 (51,4%)

30 (46,6%)

28 (26,1%)

2 (1,8%)

107

CENTRO

18 (66,6%)

7 (25,7%)

5 (18,5%)

1   (3,7%)

1  (3,7%)

27

Candidaturas ao Senado

Disputa pelo Senado

Brancos

Pardos

Pretos

Amarela

Indígenas

NA

Homens

Mulheres

Total

DIREITA

76 (68%)

26 (23%)

8 (7,2%)

1 (0,9%)

89 (80%)

22 (20%)

111

ESQUERDA

53 (58%)

19 (21%)

14 (15%)

1 (1,1%)

2 (2,2%)

1 (1,1%)

65 (72%)

24 (26%)

90

CENTRO

22 (78%)

5  (18%)

1 (3,5%)

22 (78%)

6  (21%)

28

 

Das 27.957 candidaturas aptas, neste ano disputam 13.681 brancos (48,9%) e 13.837 (50%) negros (soma de pardos e pretos), além de 171 indígenas (0,61%) e 112 amarelos (0,40%). Não divulgaram sua raça 149 pessoas (0,53%). Em síntese, em 2018, eram 8,479 mulheres concorrendo (31%); em 2022, são 9.301 mulheres (33,2%), um crescimento de 2,6%. Em relação à raça, em 2018, eram 12.740 negros, em 2022 são 13.837 negros (49,49%). As candidaturas brancas reduziram 3,9% e as de negros aumentaram 3,5%.

O partido com a maior proporção de pessoas brancas é o NOVO: quase 80% de brancos, 19,3% de negros, 0% de indígenas e 0,84% de amarelos. A equidade racial parece não ser uma preocupação desta legenda, já que eles têm a menor proporção de pretos e pardos entre todos os partidos brasileiros e não têm nenhuma candidatura indígena. Em 2018, o NOVO também foi o partido com menos candidaturas de pessoas negras, com 14,49%.

Três partidos se destacam pela grande proporção de negros: o PSOL, com 61% (36,54% de pretos e 24,47% de pardos); o Unidade Popular (UP), com 60% (38,33% de pretos e 21,67% de pardos); e o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), com 54,7% de negros (38,36% de pretos e 16,35% de pardos).

O partido com a maior porcentagem de candidaturas indígenas é a REDE, com 3,88% de indígenas, além de 41,16% de brancos, 54,4% de negros e 0,43% de amarelos. Quanto às candidaturas amarelas, o mais representativo é o PCO: 1,29% de amarelos, 53,55% de brancos, 44,52% de negros e 0% de indígenas. Além disso, são três os partidos que não apresentam nenhuma candidatura amarela: AVANTE, PV e UP.

Já nos partidos postulantes a uma cadeira no Senado e ao governo do Estado, a diferença na representatividade entre a esquerda e a direita é a mais acentuada nessas eleições. No caso dos senadores, as legendas do centro são predominantemente de brancos e homens (78%). Os pardos são 18% e não há nenhum preto nem amarelo nem indígena disputando a vaga de senador na direita. A direita tem 68% de candidaturas brancas, enquanto a esquerda tem 58% brancos e 36% negros (21% pardos e 15% pretos).

Para o cargo de governador, a direita e o centro, mais uma vez, pecam pela falta de diversidade, com 67% e 66%, respectivamente, de candidaturas de brancos. Já a esquerda traz 51,4% postulantes brancos, 46% de negros. Em 8 estados, apenas candidatos homens disputam o cargo de governador: Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Rondônia e Santa Catarina.

Gênero – De todas as 26.822 candidaturas para deputados federais, estaduais e distritais e vereadores, 17.832 (66,50%) são de homens, enquanto 8.990 (33,50%) são de mulheres.

O partido que possui proporcionalmente, no geral, mais candidaturas femininas é o Unidade Popular (UP), composto 75% de candidatas e 25% de candidatos. Já o partido com o menor percentual de mulheres é o AGIR, que apresentou 877 candidaturas, das quais apenas 31,10% são de mulheres e 68,90% de homens.

Há pelo menos 37 pessoas transexuais concorrendo ao pleito – número refere-se à quantidade de candidatos que responderam ao nome social. Vale ressaltar que não é obrigatório informar este dado. Destas, 14 se autodeclararam pardas e 9 pretas.

O estudo também observou os bens declarados dos candidatos. Quanto maior os cargos majoritários, maior o patrimônio. Os presidentes possuem o maior valor de bens declarados, já os deputados distritais são os que declararam menos. A média de valor dos bens declarados de todos os candidatos é de R$ 830 mil, conforme tabela abaixo.

Os três cargos para o legislativo regional, deputado distrital, com 564 candidaturas; deputado estadual, com 16.085 candidaturas; e deputado federal, com 10.156 candidaturas, possuem média de valor dos bens declarados abaixo dessa média, respectivamente, R$ 432 mil, R$ 535 mil e R$ 748 mil.


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