Internacional

Egito amanhece em calma após protestos, mas impasse político continua

Egito


01/07/2013

Uma explosão de indignação popular que levou milhões de egípcios às ruas perdeu fôlego nesta segunda-feira (1º), mas os líderes nacionais não parecem ter se aproximado do fim do seu impasse político, e há quem defenda uma intervenção militar.

A Irmandade Muçulmana, grupo ligado ao presidente Mohamed Mursi, teve sua sede nacional incendiada durante a noite e continua sitiada por liberais e outros que querem a renúncia de Mursi. Até alguns políticos islâmicos dizem que o presidente deveria fazer concessões.

A praça Tahrir, que teve no domingo (30) sua maior concentração popular desde a revolução de 2011, estava tranquila no começo desta segunda-feira, com apenas cerca de 100 manifestantes acampados. O mesmo ocorria em outras partes do país. Mas, num terreno da Irmandade no Cairo, guardas continuavam alvejando jovens nas ruas próximas.

Na noite de domingo, o movimento de Mursi disse que o prédio, num morro com vista para a capital, estava cercado por dezenas de homens que disparavam tiros e jogavam pedras e bombas incendiárias.

Jornalistas da Reuters viram chamas em partes do prédio e trocas de tiros entre pessoas dos lados de dentro e de fora. Na manhã desta segunda-feira, um jornalista da Reuters viu dois jovens baleados no lado de fora.

Líderes da Irmandade se queixaram de que a polícia não apareceu para proteger sua sede, um sinal das dificuldades do movimento para controlar a segurança pública desde que Mursi se tornou o primeiro líder eleito livremente na história do Egito, há um ano.

Na manhã desta segunda-feira, não havia policiais à vista. Funcionários de um hospital próximo disseram que duas pessoas morreram e 45 foram atendidas com ferimentos à bala durante a noite. Pela manhã, pelo menos mais seis pessoas ficaram feridas, segundo fontes hospitalares.

As manifestações, que reuniram 500 mil pessoas na praça Tahrir e uma quantidade semelhante em Alexandria, segunda maior cidade egípcia, foram disparadamente as maiores desde a rebelião da Primavera Árabe, que depôs o governo autocrático de Hosni Mubarak há dois anos e meio.

Mursi permaneceu à distância durante os protestos, mas admitiu por meio de um porta-voz que cometeu erros, e acrescentou que está aberto ao diálogo para corrigi-los. No entanto, não demonstrou a intenção de renunciar.

Pelo Facebook, um dirigente da Irmandade, Essam El Erian, pareceu otimista.

— Não houve guerra civil, como os mentirosos haviam alertado … e não haverá golpe militar, como os perdedores queriam. Não há alternativa ao diálogo incondicional para atingir um entendimento sobre as próximas eleições parlamentares.

Um assessor de Mursi apontou três caminhos para o futuro: eleições parlamentares, que ele qualificou como "o mais óbvio"; um diálogo nacional, que ele disse ser algo repetidamente rejeitado pela oposição; e a convocação de eleições nacionais antecipadas, como querem os manifestantes. Mas isso, afirmou, "simplesmente destrói a nossa democracia".



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